quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Eles...

Têm uma relação de amor ódio.
Ele não gosta de grandes abraços (dela)...na maior parte das vezes resulta em mais uma punhada de pêlos dele.
Ela gosta de lhe dar comer à boca. Ele aceita de bom grado.
Ele não gosta que estranhos se aproximem dela e lhe toquem.
Ela gosta de correr atrás dele e atormentá-lo.
Ele corre para ela quando chegamos a casa.
Ela gosta de partilhar o queijo dela com ele e o pão que damos aos patinhos do canal.
Ele mostra-lhe os dentes de vez em quando.
Ela gosta de lhe dar um beijinho de boa noite.
Ele chama-se Yofi ela batizou-o de Yoxi.




Onde está um, está o outro.
No meu coração.
Os meus amores maiores.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Uma questão pessoal

Fiz por acordar cedo.
Ter uns minutinhos para mim.
Beber a minha chávena de café em silêncio.
Por volta das 7:30, quando saí do banho, já a pequena soava no quarto dela. Mamã.
Adeus silêncio.
Descemos, já o pai dela, estava de saída para o trabalho. Demos miminhos uns aos outros. A Lia corria atrás do Yofi, feliz.
Enquanto calçava os sapatos o pai dela diz-me: “falando olhando apenas para o meu egoísmo, agradeço-te de todo o coração tudo o que tens feio pela Lia estes dois anos. Sinto-me profundamente orgulhoso por estares com ela em casa”.
Ele sabe, que apesar de tudo, é o melhor para a menina dele. E eu sei-o também.
Nem todos os dias são fáceis. Há dias que até são bastante difíceis. Esses dias que nos fazem questionar tudo. Esses dias terríveis de batalhas interiores. A maior que tenho travado comigo própria. A certeza que estou a fazer o melhor para a minha filha e a dúvida do que é melhor para mim. E como pode uma mãe optar entre si e a sua cria!?
Desisti, por um grande amor, sem hesitação, de uma carreira profissional em Portugal que me enchia as medidas. Sinto saudades. Muitas. Mas não me arrependo, de todo. 
Hoje tenho mais. Sou mais.
Optei, pelo meu amor maior, não trabalhar o(s) primeiro(s) ano(s). Dedicar-me a ela. A nós. À nossa família. Cada um tem o seu papel.
No primeiro ano não conseguia conceber sequer a idéia de alguém “desconhecido” tocar na minha filha.   
Tem sido um privilégio vê-la crescer tão de perto. Sem pressas. 
Vê-la acordar todas as manhãs às horas que ela escolhe. 
Dormir as sestas que quiser. 
Correr atrás do Yofi no parque, deitar-se na relva e rir à gargalhada. 
Dar-lhe os beijinhos todos que me pede. Não fica sequer um por dar. 
Ver os olhinhos dela brilharem e ouvir os gritinhos de alegria de cada vez que o pai chega a casa. 
Tem sido um privilégio acompanhar tudo de tão perto.
Nem sempre tenho esta clareza e paz de espírito. Que estúpida sou. Que estúpida é esta sociedade invertida em que vivo. Que me quer fazer acreditar que bom seria eu entregar a minha (minha) filha aos 3, aos 6 ou aos 9 meses de idade a uma qualquer instituição para fazer o meu papel.
A mãe dela sou eu. O cheiro que ela quer é o meu. O abraço que ela precisa é este.
Queixo-me. Sim. Queixo-me até de mais. Está-me nos genes. Infelizmente. 
De olhos turvos vejo aquilo que não tenho.
um emprego. mais dinheiro. mais vida social. independência. tempo.
Era eu mais feliz quando tinha isso tudo? NÃO!
Queixava-me. A insatisfação está-me nos genes. Já o disse.
Não procuro verdades absolutas. Esta é a minha e apenas isso.
A minha filha esteve (está) os dois primeiros anos de vida comigo. Têm sido dois anos incríveis.
Cheio de emoções fortes. Mas o que é a maternidade se não for vivida ao rubro.Um dia ri-se à gargalhada outro dia chora-se baba e ranho.
A Lia já esteve na creche (duas manhãs por semana, durante 4 meses). A minha filha não estava feliz. Eu não estava feliz. Ou seria ao contrário. Eu não estava feliz. Sentia-me perdida. Amputada. 
De cada vez que a ia levar ela chorava e eu com ela. Andava sempre doente. Quando a ia buscar chorava de novo, muitas vezes encontrava-a sozinha a brincar.
Diziam-me que ela se habituaria. Diziam-me que era bom para ela socializar com outras crianças. Diziam-me que ficando doente ganhava mais resistência...diziam-me muita coisa para me sossegar o coração.
Mas ele não quis sossegar. Mandei à merda todas essas teorias.
Eles não socializam nada com menos de dois anos ou até com dois anos. Estão curiosos, talvez. Mas não brincam uns com os outros. 
A Lia é uma menina super alegre, curiosa e espontânea. Gosta de dizer olá a toda a gente. Não a sinto menos que os outros meninos que desde cedo andam na creche.
A Lia está bem é com esta mãe, que está bem é com ela.
Sabem-me bem, sim, os minutinhos de sossego enquanto ela dorme. Como me sabe bem saber que sou eu que a adormeço e que a vou acalmar se precisar.Que estou aqui para ela.
Quero começar a trabalhar é verdade. Quero ver gente e usar a cabecinha em outras coisas.
Mas não quero aturar 5 dias outras pessoas que não sejam a minha filha, nem 4. 
A vida muda para sempre desde o dia em que nos tornamos mães. E o estranho seria se assim não fosse. E o estúpido é acreditar que assim o não é.
Queremos igualar-nos aos homens. Competir nesta sociedade venenosa. Provar que somos as melhores. Ter mais dinheiro. Fazer mais coisas.
 E ser? 
Ser mãe? Onde fica no meio disto tudo? Não fica porque é essa a responsabilidade que entregamos e pagamos a terceiros para que o façam por nós.
Primeiro num berçário, depois numa creche, passando para a escola. São sempre os outros e nós (mães) assistimos de camarote dando uma ou outra opinião, batendo palmas ou não.
 Contraditório! Não?!

sábado, 13 de agosto de 2016

13.08

Parece que foi ontem.

Dois anos de ti. 
Dois anos de mim. 
Parabéns meu amor.