quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ainda sobre os amigos

Sei que a amizade precisa de dedicação mas também precisa de espaço. Como amiga não sufoco. Aceito, por exemplo, que os meus amigos que não estão cá, não me venham ver. Sei que não é por isso que gostam menos de mim, tem outras prioridades e eu aceito. Como aceito que outros tenham faltado ao meu casamento ou nem se lembrem quando a minha filha faz anos. Não levo a mal. Eu também já me esqueci, já não estive presente, já falhei. Mas ainda assim estou lá.
Hoje, a Olga, ou a Guinha, como lhe chamo comunicou-me que vai casar, no verão, em Portugal. E eu quero muito lá estar. É o dia dela e eu quero abraçá-la.
Conhecemo-nos há uns 23 anos. Fomos as melhores amigas no secundário. Inseparáveis, manas de coração.
Hoje, eu na Holanda, ela no Reino Unido. Não nos vimos há uns 6 anos. Não nos ligamos sempre nos aniversários, Natais ou passagens de ano. Falamos quando precisamos, seja para rir ou chorar. Pode levar um mês ou um ano sem falarmos, é verdade. Mas quando isso acontece a espontaneidade é a mesma, a amizade é a de sempre.
Ela falhou o meu, eu não quero falhar o dela. Gosto dela, gosto muito dela.

Os amigos

Eu sou de afetos. De abraços apertados. De beijos.
Gosto de mimo, dar e receber.
Ao longo da minha vida fui fazendo amigos. Uns que eram vizinhos, outros colegas de escola, de trabalho de faculdade, outros amigos dos amigos.
Não sou de difícil acesso. Contudo seletiva com os valores, interesses, ideais de vida, por isso uns ficaram, outros foram.
Uns querem-se presentes. Outros ainda que ausentes sei-os lá.
A Holanda já me presenteou com pessoas muito queridas. Mas isto de ser expat é tramado.  
A minha Dora foi para Portugal. A Yoco voltou para o Japão. A Audrey foi para a Bélgica e a minha Bia voltou para o Brasil.
A amizade não acaba por isso...mas ficam fazendo falta os abraços, as parvoíces, as festas, as gargalhadas.
É disto que falo.



 
  
 
Sou uma laivosa, pronto, admito.
Sinto-vos a falta.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A nossa casa

Linda, espaçosa, ao nosso gosto, com um jardim a sul, numa área fantástica.
É mais do que sonhamos.
Sim. Estou, estamos encantados, apaixonados.
A nossa casa.
O nosso lar.
O nosso ninho.
Onde vamos ver a nossa menina crescer e escrever muitas memórias.
Gostamos de histórias bonitas, longas, apaixonantes e que encantam. A nossa história de amor é, para nós, digna de um conto de fadas e a história desta casa fica-lhe pouco atrás.
Eu resisti muito tempo em comprar uma casa na Holanda. Talvez não quisesse raízes firmes que me agarrassem a esta terra, que já vai começado a cheirar a casa.
Com a chegada da Lia percebemos que precisávamos de uma casa maior. O apartamento de 45 metros quadrados que nos acolheu durante estes 4 anos tornou-se demasiado pequeno para dois adultos, um bebe e um cão. 
Rapidamente me apercebi que, por cá, comprar é mais vantajoso que arrendar (pelo menos na nossa perspectiva). Arranjamos então uma situação provisória para permanecer na casa antiga com um bebé e alguma qualidade de vida. Demo-nos, mais ou menos um prazo de um ano para, com calma e coerência procurar a casa dos nossos sonhos...ou pelo menos tentar.
A Lia tinha pouco mais de um mês de vida quando vimos a primeira casa. Gostamos...mas, mas era a primeira e havia problemas de vizinhança. Esperamos, não tínhamos pressa. A seguir vimos outra e mais outra e ainda outra, uma dezena, quiça uma centena. Algumas que íamos gostando, muitas que não, outras que tentamos comprar. Consideramos sair de Amesterdão, procuramos num raio de 30 Km, mas Amesterdão é a nossa cidade.
Aos meses passados juntava-se a impaciência, algumas lágrimas, às vezes a esperança, outras vezes o desespero...havia sempre qualquer coisa contra. Brigamos, choramos, chegamos ao ponto de quase desistir do que realmente queríamos. E o que queríamos nós?
Casa térrea com pelo menos 115 m2, com jardim para sul ou este. Dentro de Amesterdão, numa zona calma, residencial e com muitos espaços verdes à volta.  Onde a cozinha e a sala pudessem ser integradas. Onde tivéssemos 3 quartos de dormir bonzinhos, com casa de banho espaçosa para ter banheira e duche, um sótão com espaço, de preferência sem vizinhos à frente e atrás e, cereja no topo do bolo, a um preço e em condições que pudéssemos remodelar...TUDO!
Se esta casa existia duvidamos muitas vezes, mas era-nos tão difícil abdicar de alguma destas coisas.
Um dia, bendito, a visita a uma casa levou-nos para uma área da qual não nos tínhamos lembrado. A casa que visitamos tinha uma distribuição pouco pratica e depressa desistimos, mas aproveitamos o dia soalheiro de Junho para passear o Yofi no parque que avistamos.
 O Yofi, sempre ele, este bastardinho que nos guiou um ao outro, também ele nos guiou ao nosso ninho. Perdoem-me os menos românticos, mas foi ele mesmo que escolheu o caminho.
Demos por nós a caminhar entre um canal e os jardins virados para sul de umas casas jeitosas. Demos por nós a olhar para as pessoas deitadas ao sol no jardim e a suspirar por uma daquelas casas.  O exterior já preenchia todos os requisitos. De repente deparamo-nos com um dos jardins meio abandonados e o interior da casa vazio. Borboletas na barriga.
Falamos com uma das vizinhas que nos disse a que cooperativa a casa pertencia e que supostamente a mesma ia para venda. Na semana a seguir lembra-nos de ir ver a casa, enquanto os construtores ainda a vazavam.  Tivemos sorte, fomos encontrar dois senhores muito simpáticos, que nos fizeram a visita guiada a uma casa que nos nossos corações já nos pertencia. Era mais do que queríamos. Tinha tudo o que desejávamos e alguns extras.  
Entramos imediatamente em contacto com a cooperativa de habitação, o responsável pela mesma estava de férias. Esperamos. Regressou e com ele trouxe um balde de água fria. Na altura estávamos nós também de férias em Portugal e foi na praia que recebemos a fria noticia que a casa já tinha novo contrato de arrendamento assinado. Não era para vender mas sim para arrendar.
Não sofri. Aquela era a minha casa, no mais intimo de mim sabia-o
 A Lia fez 1 aninho.
O nosso prazo (desejado) chegara ao fim. Continuávamos a ver outras casas. Mas aquela não me saia do coração.
Muitas vezes peguei no carro e ia espreitá-la. Dois meses passados e ainda desabitada.
O Gerben não queria, discutimos, pediu-me para esquecê-la e eu pedi-lhe para contatar novamente a empresa. Pedi-lhe para o fazer por mim, por nós!
Ele ouviu-me e não tardou o grande dia chegou...A casa era nossa!
A nossa casa. O nosso sonho.
Dia 12 de Outubro recebemos as chaves e fizemos a festa. Depois de dois longos meses de completa remodelação mudamo-nos a tempo do Natal. Um mês passado e esta é tão a nossa casa.
Ainda há tanto para fazer, vamos fazendo com tempo, com amor, com prazer e dedicação.
Mais uma vez a vida provou-me que a paciência é tão mais importante que a urgência.
Que não devemos desistir dos nossos sonhos, por mais impossíveis que nos pareçam. 


 O que temos à volta...

 
 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Em 2016

Desejo saúde, desejo amor, abraços apertadinhos, mais gargalhadas - daquelas que fazem doer a barriga.
Quero dançar mais ao som de uma música maluca de pijama, na minha sala, com os amores da minha vida.
Quero mais dias de sol e aprender a aproveitar e apreciar os de chuva.
Quero mais passeios de bicicleta em familia. 
Quero reaprender a ver o copo meio cheio.
Quero estar mais com quem me faz bem. 
Quero encontrar nos problemas as soluções e nas dificuldades as oportunidades. 
Quero dar mais tempo as pessoas que as coisas.
Quero ouvir mais música e ler mais.
Quero usar menos o telemóvel e deixar de seguir vidas, que não me dizem respeito.
Quero ser mais activa. Mais participativa. 
Quero ser mais optimista. Voltar a ser espontânea. Não deixar que o medo, os receios me congelem.

Quero concentrar-me no que me faz bem, o que deixa em paz e me leva às gargalhadas.
No que realmente importa.

Bem-vindo 2016!