Flor de estufa. É aquilo em que me tenho tornado neste país.
Há mais de duas semanas que estou em prisão domiciliária à conta de uma gripe. Nos entretantos já me senti melhor, experimentei ir trabalhar e recaí. Fui de fugida a Portugal. 3 dias. Sozinha.
Já tinha o voo comprado há umas boas semanas e a vontade era tanta que arranjei forças nem sei onde e fui. No voo, ao levantar e sobretudo ao aterrar sofri a bom sofrer dos ouvidos porque estavam entupidos. Caramba é uma dorzinha tramada.
Em Portugal fui mimada até ao tutano. Comecei com um serão que se prolongou noite dentro com as amigas de sempre (a minha Zélia e a minha Maria). Frango assado (era o meu desejo e foi concretizado) muita conversa, bisbilhotice, novidades e gargalhadas à mistura. Rais partam que falta me fazem estas duas alentejanas que escolheram o meu Algarve para serem felizes.
Depois o resto do tempo foi em família. A minha mãe que fez todos os pratos que eu queria comer (arroz de cabidela, migas, jantar de grãos com batata doce e patinhas de porco, fatias de ovo, galinha caseira guisada, fritada de poco). Comi que nem uma desalmada. Pena que não houve tempo para mais.
Aproveitei o sol de inverno e levei quase um dia com a moleirinha ao sol. Isto não é nada bom para o meu constipado-nada que não me tivesse lembrado. Mas sabe tão bem.
À noite depois da boa da jantarada aproveita-se para comer bolotas assadas à lareira. Oh Deus como eu gosto disto.
No regresso duas malas cheias de coisas. Pão, costas, laranjas e tangerinas (não é que aqui não as haja-mas as da horta da mãe serão sempre melhores) bolinhos de manteiga (feitos pela mãe), bacalhau, Nestun mel, chouriças, salsa, coentros, espinafres e até folhas de caldo verde (tudo biológico da horta da mãe). Parece mentira mas eu sou feliz assim. Contrabandista de comida, amor e saudade.
Agora estou no rescaldo, jogada pra aqui entre a cama e o sofá há já uma semana. A gripe vingou-se e voltou. Estou fartinha. Vontade de fazer alguma coisa é zero. O pobre do homem - também ele meio constipado - é quem trabalha, vai ao supermercado, passeia o cão, faz o jantar, lava a loiça e dá mimos. Sério, não me tenho como uma pessoa preguiçosa, mas esta gripe tirou-me as forças.
Não me lembro de alguma vez em Portugal ter faltado ao trabalho por estar doente. Aqui, em Setembro estive uma semana de molho com uma gripe e agora ando nisto há mais de duas semanas. Cá para mim isto é da velhice, mas é também a falta do mar e do sol e do céu azul, mas sobretudo de desporto.
O desporto faz muita coisinha boa ao nosso corpo e mente. Nunca fui fanática por desporto, mas em Portugal nunca tive muito tempo parada, adoro a sensação de bem-estar que o desporto nos proporciona. Como não sou fã de ginásio-máquinas-aproveitei para experimentar modalidades em grupo como step, body combat, aeróbica, spinning (a minha preferida).
Sem querer apaixonei-me pelo BTT e poucas coisas me davam tanto prazer como me levantar aos fins de semana de madrugada, colocar a bike no carro e ir para uma maratona, fosse ela onde fosse, algumas vezes acompanhada, a maior parte sozinha. Maratonas duras que às vezes me faziam pensar, porque não fico eu em casa" mas a sensação de terminar uma prova é mais que boa. O convívio, as amizades , o espirito que se vive é muito saudável. Grandes amigos ficaram desde dois anos de BTT.
A natação é outra paixão. Aprendi a nadar aos 28 anos. Ahh pois é. Nunca é tarde. Facilmente fiquei fã. Normalmente nadava cerca de 45m, duas vezes por semana, antes de vir para cá.
Holanda.
Rima com preguiça. Paguei um ano de ginásio devo lá ter metido o rabo umas 3 dezenas de vezes. Piscinas conta-se pelos dedos de uma mão as vezes que lá fui. Ainda experimentei correr no parque que tenho mesmo aqui atrás de casa, mas correr nunca foi para mim. Muito aborrecido. Aqui há sempre uma ou mais razões para ficar de rabo sentado no sofá. Tristeza!!
Frio, chuva, dias pequenos, neve...ou pura e simplesmente a vontade de não fazer nenhum. É muito triste.
Então toma lá uma gripe a ver se repensas a tua vida, não te queixes tanto e faz mais!