Às vezes dou por mim a pensar que se fosse alguns anos mais nova, fosse solteira (ou não), sem filhos faria ainda tanta coisa louca. Um dos sonhos que está em stand by é o de saltar de para-quedas, o Interrail também ficou lá atrás e o viajar de mochila às costas, sem grandes planos, só aconteceu uma vez (no Perú) e foi uma das grandes memórias da minha vida. Mentira, aconteceu duas vezes porque estando grávida já de 3 meses fomos para a Tailândia sem nada reservado e ao sabor do vento. E foi uma das minhas grandes viagens. Somos os dois doidos, quando um diz vamos, já o outro está a fazer as malas. Contudo a parentalidade tráz-nos algumas reservas. Este sentimento forte de nós mantermos vivos a todo o custo para vermos as nossas crias crescer persegue-me e é mais forte do que qualquer desejo mais radical. Acredito que não seja igual para toda a gente.
Há ainda um mundo de coisas que quero fazer, viver, experimentar, sentir. Umas mais fáceis do que outras. umas que terão que esperar uns aninhos por circunstâncias várias, outras que se podem concretizar a qualquer momento.
Olho para trás e vejo já um belo passado de coisas boas. Nasci aventureira (para mal dos pecados da minha mãe). O medo a mim só me dá ainda mais vontade de prosseguir. Sempre o considerei como aliado, não como inimigo. O vir para a Holanda 'às escuras', aos 33 anos deixando para trás uma vida estável e confortável é apenas um exemplo.
Para uma menina que cresceu no interior do Algarve, ali nas fronteiras com o Alentejo não se saiu nada mal.
Uma menina que se recorda de ter luz electrica e televisão pela primeira vez aos 8 anos,
Uma menina que lavou muita roupa nos tanques comuns do lavadouro público (com água gelada no inverno, no Algarve também faz frio),
Uma menina que tomava apenas o banhito ao domingo e ao meio da semana lavava apenas o cabelo para parecer mais limpa porque a água canalizada só chegou a aldeia lá para os seus 17 anos.
Uma menina que teve que se levantar as 5h da manhã todos os dias durante três anos para poder concluir os estudos porque a escola secundária ficava a 70 km de curvas e contra-curvas de distância.
Uma menina que cedo aprendeu que a vida é dura para quem é mole e que durante quatro anos trabalhou de noite e aos fins de semana para pagar um dos seus sonhos (um curso universitário).
....e que pelo meio foi fazendo coisas bonitas porque cedo aprendeu que há prioridades. Um jantar a menos com os colegas de faculdade, levar a marmita com o jantar para o traballho, um café a menos de quando em vez e uma sobremesa só quando o Rei faz anos...dava para juntar o dinheiro necessário para a próxima viagem (Brasil, Bélgica, Itália, Jamaica, Perú, Açores, foram alguns dos exemplos do que conseguiu com a marmita que levava para o trabalho).
Uma menina a quem os sonhos e a gratidão não cabem numa mão cheia de palavras.
Uma menina que continua a saber que há prioridades e prioridades. E que nenhuma prioridade se iguala à gargalhada da sua menina e que por ela nada mais, verdadeiramente, importa. Que felicidade são estes momentos, são estas duas pessoas e um cão que me enchem a vida e o coração.
OBRIGADA!
Olá :)
ResponderEliminarDescobri o teu blog hoje através de um comentário teu num outro blog.
Fiquei curiosa porque tenho familia na Holanda (Eindhoven e Helmond) e, como tal, tinha que vir espreitar.
Li a vossa história (como o amor é lindo :D) e dei uns saltinhos nalguns posts.
Continua que estou a gostar :)
Felicidades, muitas felicidades :)
Beijo ( " bem à maneira portuguesa " :p )
Olá Daniela,
ResponderEliminarMuito obrigada pelo carinho. Este é um blog bem caseirinho, que nasceu do gosto pela escrita e sobretudo com a vontade de registar os meus momentos desde que o destino me trouxe até à Holanda. como tal é um blog bem pessoal.
Beijinho.
Peço desculpa pela intromissão, mandei lhe uma mensagem no facebook. Se puder ler. Mais uma vez lhe peço desculpa. Obrigada.
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