Acabei mesmo agora de
vir de uma espécie de grupo de ajuda para pessoas que querem partilhar os seus
problemas e o que lhes vai na alma.
Depois de um dia esgotante de trabalho que me sugou
todas as energias (que por esta altura já não são muitas) de uma dor de cabeça
daquelas, lá fui eu. E sói fui porque sou moça para cumprir todos os meus
compromissos...e ainda bem que fui.
Obviamente que não fui lá partilhar os meus
problemas, não que os não tenha, mas comparados com os que ouvi, resumi-me à
minha insignificância. Senti-me pequenina por me queixar de alguma coisa na
minha vida. Por esta altura os meus problemas têm quase sempre apenas um tema:
o tempo, ou melhor o mau tempo que por aqui faz, as saudades e afins.
Fui a convite da minha
coordenadora de voluntariado, pois como educadora social e neste momento
voluntária é bom estar em contato com estas histórias e numa próxima vez posso
acompanhar o meu “maatje” (a pessoas que voluntario) nestes encontros.
Foi super
interessante, histórias de vida exageradamente pesadas, que passam quase sempre
por viver na rua um par de anos. Vai sendo recorrente neste país. Eu não vejo
quase sem-abrigos aqui, mas que os há, há e muitos.
A história de uma
mulher, relativamente nova que viveu em "transe", aliás desistiu de viver após a
morte inesperada do marido.
Ouvir estas histórias na primeira pessoa é duro. Não são filmes ou histórias que alguém nos conta, são os próprios, com as emoções e a linguagem corporal de quem está a passar, passou e/ou ultrapassou um momento (ou parte da vida) numa situação traumatizante.
Ouvir estas histórias na primeira pessoa é duro. Não são filmes ou histórias que alguém nos conta, são os próprios, com as emoções e a linguagem corporal de quem está a passar, passou e/ou ultrapassou um momento (ou parte da vida) numa situação traumatizante.
Infelizmente o meu nível
de holandês ainda não me permite perceber tudo.
Mas talvez uma das frases marcantes da noite
foi a de uma senhora ao referir que viveu um par de anos na rua e que nunca se
sentiu tão sozinha e “desprotegida” como atualmente que vive numa casa. É contraditório, mas compreensível. Depois de
um longo período na rua é necessário reaprender a ter um quotidiano “normal”
seja lá o que isso for.
...
Enquanto lá estava dei por mim a divagar sobre a minha experiência profissional enquanto educadora de adultos, das histórias, da partilha, das emoções, das lágrimas, do carinho, da empatia, dos sorrisos...porque de tudo isto se constrói a palavra social...e é de tudo isto que eu sou feita.
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