Isto da escrita, para mim, funciona quase como a leitura. Há alturas que devoro livros, sou capaz de passar horas a fio a ler um bom livro e depois, por alguma razão, passo uns meses e ando de livro em livro, leio as primeiras páginas e nada me cativa. Fica a adormecido e a "ganhar poeira" na mesinha de cabeceira. Assim anda a Salsinha e a motivação para escrever, adormecida.
Desculpas à parte e porque eu quero mesmo deixar aqui registado (para que eu e ela possamos ler um dia) como é que esta aventura da gravidez começou, hoje é o dia.
Mais ou menos aí em final de Novembro, o alerta foi-me dado com a intolerância ao cheiro do café. Eu que adoro café e o cheirinho dele pela manhã. Passou de uma simples incomodo a uma considerável indisposição e como tal tanto em casa, como no trabalho evitava estar por perto. Não liguei e mais umas semanas, indisposição ao jantar. Começava a jantar bem e depois da segunda garfada torcia o beiço, já não ia mais para baixo. Eu não ligo muito aos atrasos do período, até porque andava tão irregular que já nem sabia a quantas andava.
Os dia foram passando, até que o assunto gravidez começou a entrar na nossa conversa. Ele a pedir para eu fazer o teste e eu a recusar. Quem? Eu? Grávida? Não!
Acontece que em Janeiro íamos 3 semanas para a Ásia e havia uma série de pormenores a resolver, nomeadamente a questão da vacinação etc e tal.
Curiosamente compramos pela mesma altura cada um o seu teste de gravidez. Eu que tinha planeado a coisa à filme. De fazer o teste sozinha e em caso de positivo dar-lhe a noticia com umas botinhas ou coisa do gênero. Não, estava tão assustada, como convencida no resultado, que uns dias antes do Natal decidimos fazer juntos o teste. Fechamos os olhos, contamos até três e abrimos ao mesmo tempo. PO-SI-TI-VO! Não havia margem para dúvidas e nós já o sabíamos. Ficamos a olhar um para o outro feitos parvos. OMG e agora!!!!
Eu que nunca me havia convencido que queria mesmo ser mãe um dia e embarquei nisto assim naquela de deixa lá ver no que é que isto dá e deu, à primeira, para ser mais especifica. Casamos no dia 19/10 e eu devo ter engravidado 10 dias depois (mais coisa menos coisa).
De qualquer maneira o teste disse que eu estava grávida e eu continuei a não acreditar (ainda hoje e com uma barriga de 8 meses me parece mentira) até à primeira ecografia, dia 10/01 e com umas 10 semanas de gestação.
Bem, a sensação de ver algo a crescer dentro de nós é indescritível . Aí cai-me a ficha e chorei tanto de emoção como de assustada.
Daí a duas semanas, com 12 semanas, lá fomos nós, de mochila às costas e à aventura três semaninhas para Cambodia e Tailândia. Não contamos nada a ninguém porque queríamos ir descansados sem grandes opiniões e melodramas. Falo pela minha mãe que é a rainha dos dramas.
Correu tudo à mil maravilhas. Uma indisposição ou outra, evitar certas comidas e atividades e a barriguita a querer crescer. Voltamos quando estávamos quase a fazer 15 semanas.
Daí a duas semanas fui sozinha a Portugal, de fim de semana, para contar a boa nova. Juntei o núcleo familiar mais próximo e ao jantar decidi dar a notícia. Epá, mas não saía, quase não encontrei o momento para falar. Sério, custou-me imenso introduzir o assunto. É estranho, pronto, na minha família o tema sexualidade ainda está a anos luz de ser uma coisa natural. Enfim...nota mental: educar a minha filha de forma contrária àquela que eu fui.
Bem, lá contei e as reações foram entre um "já" do meu cunhado e um "já! Não, está mais do que na hora" da minha mãe (cá para mim ela já tinha perdido a esperança de ter netos da minha parte). A minha irmã ficou a olhar para mim incrédula e quando acordou do choque lá veio muito contente a abraçar-me. Agora anda toda feliz com a chegada da sobrinha.
E pronto depois disto lá fomos contando à família dele, que recebe sempre a noticia de mais um bebé com grande entusiamos e emoção, aos amigos, no trabalho....
No dia 18 de Março, com 19 semanas soubemos que íamos ter uma princesinha, sem margem para dúvidas. E cá em casa o branco e o rosa já são as cores predominantes.
Hoje, de 35 semanas, quase, quase 36 semanas posso dizer que o balanço é super positivo. Tenho-me sentido sempre muito bem. Só basta que às 28 semanas fomos a Portugal de carro e correu às mil maravilhas.
Até agora devo ter engordado cerca de 9kg, mas como tudo (ou quase) o que me apetece. Por mim comia fruta 24h ao dia, é o que mais me apetece comer.
Não me sinto gorda, ou feia ou deformada. Pelo contrário acho o meu corpo lindo. Bem também tenho um homem que me faz questão de o dizer todos os dias (mentiroso). Também não tenho sofrido de variações de humor, pelo contrário, a gravidez tem me dado uma enorme tranquilidade e paz de espirito. Eu, que sou stressada por natureza, agora, tirando uma situação ou outra, ando sempre no relax.
Por volta das 22 semanas comecei a sentir a pequena a mexer-se (já estava ansiosa por isso) e a sensação é qualquer coisa de mágico. Parece um milagre, um Ser a mexer-se dentro de nós. Eu adoro a sensação e acho que vou sentir a falta quando ela nascer.
Também às 22 semanas comecei a fazer natação, aula especifica para grávidas, que adoro, relaxa-me imenso. Ainda pensei também fazer Yoga, mas só há duas semanas é que parei de trabalhar e agora ando mais atarefada em ter tudo prontinho para a chegada da bebé.
Confesso que a partir das 30/32 semanas comecei a cansar-me mais e a sentir mais desconforto a dormir por isso deixar de trabalhar às 33 semanas foi fantástico. Aqui na Holanda pode escolher-se entrar em licença de maternidade 4 ou 6 semanas antes da data prevista para o parto. Eu optei por 4 e, felizmente, ainda tinha cerca de 10 dias de férias para gozar o que veio mesmo a calhar.
E pronto é isto, acho que está tudo mais ou menos dito. Agora é preparar as últimas coisinhas e esperar pela nossa menina (não vejo a hora de a ter nos meus braços).
Em relação ao parto, não me assusta. Acho que as hormonas nos preparam para isso, antes tinha pânico só de pensar, agora estou tranquila, seja o que Deus quiser. A única coisa que eu peço é que não haja nenhuma complicação de maior ou risco para ambas, com mais ou menos dor tudo se supera. Ninguém diz que é fácil e eu também não sou ingênua a ponto de pensar que vai ser pera doce, mas prefiro ser otimista. Só quero é que a minha menina nasça cheia de saúde.
Biju :)
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