terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A nossa casa

Linda, espaçosa, ao nosso gosto, com um jardim a sul, numa área fantástica.
É mais do que sonhamos.
Sim. Estou, estamos encantados, apaixonados.
A nossa casa.
O nosso lar.
O nosso ninho.
Onde vamos ver a nossa menina crescer e escrever muitas memórias.
Gostamos de histórias bonitas, longas, apaixonantes e que encantam. A nossa história de amor é, para nós, digna de um conto de fadas e a história desta casa fica-lhe pouco atrás.
Eu resisti muito tempo em comprar uma casa na Holanda. Talvez não quisesse raízes firmes que me agarrassem a esta terra, que já vai começado a cheirar a casa.
Com a chegada da Lia percebemos que precisávamos de uma casa maior. O apartamento de 45 metros quadrados que nos acolheu durante estes 4 anos tornou-se demasiado pequeno para dois adultos, um bebe e um cão. 
Rapidamente me apercebi que, por cá, comprar é mais vantajoso que arrendar (pelo menos na nossa perspectiva). Arranjamos então uma situação provisória para permanecer na casa antiga com um bebé e alguma qualidade de vida. Demo-nos, mais ou menos um prazo de um ano para, com calma e coerência procurar a casa dos nossos sonhos...ou pelo menos tentar.
A Lia tinha pouco mais de um mês de vida quando vimos a primeira casa. Gostamos...mas, mas era a primeira e havia problemas de vizinhança. Esperamos, não tínhamos pressa. A seguir vimos outra e mais outra e ainda outra, uma dezena, quiça uma centena. Algumas que íamos gostando, muitas que não, outras que tentamos comprar. Consideramos sair de Amesterdão, procuramos num raio de 30 Km, mas Amesterdão é a nossa cidade.
Aos meses passados juntava-se a impaciência, algumas lágrimas, às vezes a esperança, outras vezes o desespero...havia sempre qualquer coisa contra. Brigamos, choramos, chegamos ao ponto de quase desistir do que realmente queríamos. E o que queríamos nós?
Casa térrea com pelo menos 115 m2, com jardim para sul ou este. Dentro de Amesterdão, numa zona calma, residencial e com muitos espaços verdes à volta.  Onde a cozinha e a sala pudessem ser integradas. Onde tivéssemos 3 quartos de dormir bonzinhos, com casa de banho espaçosa para ter banheira e duche, um sótão com espaço, de preferência sem vizinhos à frente e atrás e, cereja no topo do bolo, a um preço e em condições que pudéssemos remodelar...TUDO!
Se esta casa existia duvidamos muitas vezes, mas era-nos tão difícil abdicar de alguma destas coisas.
Um dia, bendito, a visita a uma casa levou-nos para uma área da qual não nos tínhamos lembrado. A casa que visitamos tinha uma distribuição pouco pratica e depressa desistimos, mas aproveitamos o dia soalheiro de Junho para passear o Yofi no parque que avistamos.
 O Yofi, sempre ele, este bastardinho que nos guiou um ao outro, também ele nos guiou ao nosso ninho. Perdoem-me os menos românticos, mas foi ele mesmo que escolheu o caminho.
Demos por nós a caminhar entre um canal e os jardins virados para sul de umas casas jeitosas. Demos por nós a olhar para as pessoas deitadas ao sol no jardim e a suspirar por uma daquelas casas.  O exterior já preenchia todos os requisitos. De repente deparamo-nos com um dos jardins meio abandonados e o interior da casa vazio. Borboletas na barriga.
Falamos com uma das vizinhas que nos disse a que cooperativa a casa pertencia e que supostamente a mesma ia para venda. Na semana a seguir lembra-nos de ir ver a casa, enquanto os construtores ainda a vazavam.  Tivemos sorte, fomos encontrar dois senhores muito simpáticos, que nos fizeram a visita guiada a uma casa que nos nossos corações já nos pertencia. Era mais do que queríamos. Tinha tudo o que desejávamos e alguns extras.  
Entramos imediatamente em contacto com a cooperativa de habitação, o responsável pela mesma estava de férias. Esperamos. Regressou e com ele trouxe um balde de água fria. Na altura estávamos nós também de férias em Portugal e foi na praia que recebemos a fria noticia que a casa já tinha novo contrato de arrendamento assinado. Não era para vender mas sim para arrendar.
Não sofri. Aquela era a minha casa, no mais intimo de mim sabia-o
 A Lia fez 1 aninho.
O nosso prazo (desejado) chegara ao fim. Continuávamos a ver outras casas. Mas aquela não me saia do coração.
Muitas vezes peguei no carro e ia espreitá-la. Dois meses passados e ainda desabitada.
O Gerben não queria, discutimos, pediu-me para esquecê-la e eu pedi-lhe para contatar novamente a empresa. Pedi-lhe para o fazer por mim, por nós!
Ele ouviu-me e não tardou o grande dia chegou...A casa era nossa!
A nossa casa. O nosso sonho.
Dia 12 de Outubro recebemos as chaves e fizemos a festa. Depois de dois longos meses de completa remodelação mudamo-nos a tempo do Natal. Um mês passado e esta é tão a nossa casa.
Ainda há tanto para fazer, vamos fazendo com tempo, com amor, com prazer e dedicação.
Mais uma vez a vida provou-me que a paciência é tão mais importante que a urgência.
Que não devemos desistir dos nossos sonhos, por mais impossíveis que nos pareçam. 


 O que temos à volta...

 
 

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