quinta-feira, 14 de julho de 2016

Daily

Aqueci-lhe o leitinho e tomámos o pequeno almoço.
Fiz a minha (nossa) cama e abri as janelas para deixar entrar o ar.
Esvaziei a máquina de lavar louça para dar dar espaço a nova fornada.
Não consigo pensar em nada para o jantar.
Tenho que ir às compras (não me sai da cabeça).
Pelo meio dou um jeitinho à sala que está cheia de pelos de Yofi.
Lavamos os dentes juntas.
Andamos quase uma hora a passear com o Yofi.
Dizemos bom dia aos vizinhos e brincamos com outros cães.
Escovo o yofi para que os pêlos em casa sejam menos.
Pede a pupa  e quer dormir.
Fica no quarto tranquila.
A roupa já está no estendal a secar.
Choraminga. Tem cocó.
Mudo a fralda e pede uma história.
Dobro a roupa que já estava seca e arrumo-a nas gavetas.
São 13:30 tenho que orientar o almoço.
Não me apetece pensar em comida mas tenho fome.
Venho para o computador só porque me apetece estar sentada um pouco.
Ela acorda. quer comer. quer brincar. quer atenção.
A tarde vai ser toda para ela.
Tenho que pensar no jantar e não me apetece.
Quero voltar para as férias.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A fase mais deliciosa

A nossa Lia fez hoje 23 meses. Muitas foram as vezes que nos dissemos que uma determinada idade/fase dela era a nossa preferida. Mas desta vez repetimos vezes sem conta que ela está deliciosa.
- Dá-nos beijinhos por tudo e por nada (às vezes vem uma palmada à mistura).
- Faz uma boquinha de beijinho que dá vontade de engolir.
- Dá-nos abraços com palmadinhas nas costas e encosta a cabecinha no nosso ombro.
- Sorri para toda a gente, manda beijinhos e faz adeus a quem passa. É impossível não parar e retribuir-lhe.
- Dá five e box a quem lhe pede.
- Ri-se à gargalhada quando brincamos à apanhada ou esticamos as orelhas do Yofi à chinês (não o magoamos, claro).
- É uma maluca no mar ou na piscina (joga-se literalmente de cabeça).
- Descobriu que jogar-se de costas para a relva não magoa e até é fofinho.
- Diz “ião” e aponta para o ar quando passa um avião (e às vezes também o comboio).
- Diz “miau” quando vê um gato.
- Abraço todos os cães e gatos que vê.
- Diz “dói dói” e pede kusje (beijinho) num dedo onde já se magoou há meia dúzia de meses.
- Já sabe que se chama Lia, mas só responde em holandês.
- Fica eufórica quando vê o pai chegar a casa depois do trabalho.
- Vai para a porta e diz “patos” (sapatos) quando lhe digo que vamos passear o Yofi. Tenta também colocar-lhe a trela.
- Diz “Lia slaapa” quando quer dormir ou “Lia drinka” quando quer água.
- Dança ao mínimo som de música.
- Faz olhos de marota e boquinha de espanto quando sabe que fez asneira.
- Diz “cocó” por tudo e nada (acho que é quando faz xixi também).
- Dá-me beijinhos quando me vê enervada e derrete-me o coração.
- Anda com o bebé dela para baixo e para cima, às vezes dorme com ele, dá-lhe o biberão, leva-o a passear, dança com ele, muda-lhe a fralda, despe-lhe a roupa, dá-lhe beijinhos. Às vezes chateiam-se e atira-o para o chão.
- Gosta de se sentar nas escadas e ter grandes conversas, numa língua que não entendemos mas que nos delicia.
- Adora comer sozinha, com as mãos, mas gosta que lhe dê a papa e o iogurte sentada no meu colo.
- Joga a pupa para a cama quando se levanta porque sabe que a mesma é só para dormir. Às vezes não aguenta e durante o dia pergunta-me já a choramingar por ela.
- Adora andar nos escorregas.
- Aponta para todas as barrigas descobertas e diz bebé.
- Também chama bebé a todas as crianças mais novas que ela.
...
E nós andamos assim enamorados por esta pequena criatura, que é o nosso amor em pessoa.


Sem maldade


Há uns dias atrás, numa conversa mais acesa, o meu pai disse-me: 
- Já há muito tempo que eu reparo que não vês maldade em ninguém!
A conversa continuou acesa e isto não me saiu da cabeça, fazendo-me lembrar que a minha avó paterna, há muitos anos atrás, também me dizia que para mim ninguém era mau. 
E eu sinto-me lisonjeada por duas pessoas tão importantes e próximas de mim terem essa opinião. E ainda que ambas o tenham dito em jeito de crítica eu considero isto um elogio.
Eu não sou assim tão ingênua, parva ou estúpida. Obviamente que tenho uma opinião ou, às vezes, até faça avaliações aos comportamentos dos outros para comigo. Contudo as opiniões ou atitudes de grande parte das pessoas que me rodeiam (vizinhos, colegas de trabalho, conhecidos, contactos...etc.) não me atormentam. Não me fazem perder o sono, não me fazem andar zangada com o mundo, não me impedem de ser quem sou ou de fazer aquilo que quero. Em bom português, basicamente, não me interessam (interessam-me sim as opiniões de alguns familiares, dos amigos próximos e de alguns chefes de trabalho).
Talvez seja por isso que dificilmente alguém me ouve criticar alguém ou a lamentar que alguém diz que disse de mim. Não me interessa. Isto foi talvez um mecanismo de defesa que adquiri na infância (uma vez que fui dentuça até aos 25 anos e caixinha de óculos até aos 18) e fui aperfeiçoando com os anos.
Uma das minhas melhores amigas, que veio dos tempos de escola. Antes de gostar de mim disse-me na cara que me detestava. Andávamos, talvez no oitavo ano e teríamos uns 14 anos. Quando lhe perguntei a razão disse-me que era a minha atitude extrovertida que a irritava. Ela era das que tinha medo da própria sombra. Respondi-lhe que um dia seriamos melhores amigas. Riu-se de mim. Lá para o décimo ano conquistei-lhe o coração e é uma amizade que dura até hoje e tem resistido à distância. Quando me casei foi ela que desenhou e fez os noivinhos para o bolo de casamento, que é uma réplica nossa. Quando vou a Portugal é uma visita obrigatória.
Na Universidade voltei a ter uma história parecida, alias várias histórias. Não posso dizer que dessas histórias se geraram grandes amizades mas sei que com o tempo essas pessoas foram percebendo realmente a minha essência e hoje me respeitam pelo que sou.
Sou extrovertida, faladora, entusiasta, energética, não vivo na sombra e não tenho grandes problemas de auto-estima (na maioria das vezes) e isso por vezes é mal-interpretado é confundido com arrogância ou até falta de humildade. Contudo, nada que o tempo não ajude a resolver a quem realmente quer perceber.
Muitas vezes confrontei pessoas com o que diz que disse (em meu nome) e muitas foram as vezes que não havia fundamento.
No trabalho, nunca me juntei às conversas dos fumadores e bebedores de café, até porque não fumo e só bebo café ao pequeno-almoço.
Se vejo maldade nos outros? Não, no fundo não vejo. Vejo é comportamentos ou ouço opiniões fruto de juízos de valor à minha pessoa.
Se isso me perturba? Não, não me perturba porque na maioria das vezes estou tranqüila com a minha consciência, com os meus valores e com as minhas atitudes.
E quando me perturba é tempo de perceber que errei, de voltar atrás e pedir desculpa.