sexta-feira, 13 de abril de 2012

Leveza de Ser (o que se quiser)

Ainda ontem no parque. Conhecem-se imensas pessoas, fala-se com a toda a gente que tem cães. Há assim uma espécie de sintonia entre as pessoas que têm cães e então é fácil e natural metermos conversa uns com os outros.
Eu que não posso ver cães meto-me com todos (a sorte é que o Yofi é ciumento mas não obsessivo).
Ontem meti conversa (também) com uma rapariga que andava com dois salsichas. Às páginas tantas estava ela a dizer-me que um era muito obediente e o outro só fazia o que queria e só lhe obedecia quando ela dizia "vamos para casa ver a minha namorada". Outra língua, ainda pensei que estava a ouvir mal, mas ela voltou a repetir "é que ele tem uma adoração pela minha namorada". E pronto assim, com uma naturalidade e leveza fantásticas se assume a homossexualidade nesta terra. Mas aqui é de facto assim, casos raros são os que não se assumem.
Eu trabalho com vários homossexuais e um deles deu-nos formação no início. Uma das primeiras coisas que nos disse (quase tudo mulheres) foi "antes de começarem com ideias, aviso já que sou homossexual".
Eu gosto desta atitude, sobretudo porque venho de um país onde - infelizmente- a homossexualidade ainda  é vista quase como "defeito" ou doença.
Tenho amigos homossexuais que viviam infelizes antes de se assumirem, com o receio da rejeição ou da crítica. É sufocante viver desta maneira, não podendo dizer ao mundo quem se ama, seja quem for.
Qual é o problema? Não é uma "doença" que se pega. Não é falta de inteligência ou estupidez......não compreendo.
Aqui é extremamente natural, não há diferenças. Aliás a provar isso, nos conteúdos do meu livro de holandês (edição de 2009) no tema sobre as relações há um texto sobre a vida em comum de um casal de lésbicas. Isto é Educação...educar para a Cidadania.
Julgo que este texto foi propositadamente colocado num livro para estrangeiros porque há pessoas de todas as nacionalidades neste país, nesta cidade. É é bom que comecemos a pôr de parte estereótipos e preconceitos aqui e em todo o lado, claro. Para os holandeses (ou pelo menos nesta cidade) há muito que a homossexualidade deixou de ser uma coisa estranha.

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