Em Portugal comecei a trabalhar aos 16 anos (férias de verão) e depois a sério a partir dos 18 anos. Desde lojas dos mais variados ramos, cafés, secretária, animadora, mediadora imobiliária, promoções de supermercado até a minha área de estudo educadora social, já lá vão cerca de 15 anos de experiência profissional sem nunca estar desempregada, sem nunca ter sido despedida....algo que muito me orgulha.
Bem, retifico. Fui dispensada de trabalhar na loja Zara (depois do 4º dia de trabalho - part-time que acumulava com outro trabalho) porque me recusava a trabalhar horas extras sem ser paga. Digo horas, não digo minutos. Sou cumpridora dos meus deveres, não sou parva e como gosto de cumprir, também gosto que cumpram comigo. Enquanto não precisar para comer e dar de comer ainda recuso a exploração.
Saboreei o doce amargo do "desemprego" quando me mudei para a Holanda e confesso que detestei. Após dois meses de cá chegar encontrei um trabalho temporário para substituir uma pessoa que ia de férias, ela voltou e eu fiquei com contrato de 0h. Se houvesse trabalho, trabalhava, se não ficava em casa. Passado algum tempo farta desta situação arregacei mangas e encontrei algo interessante, completamente diferente da minha área de formação (mas também foi o preço a pagar pela minha mudança). Após 7 meses de trabalho, o contrato quase a findar, as esperanças de ficar eram nulas, pois é uma empresa virada para o turismo, que desce drasticamente no Inverno aqui em Amesterdão. Quase convencida que seria agora que teria de apelar pelo subsidio de desemprego, ainda não será desta. Soube hoje que irei fazer parte desta equipa (se eu assim o entender) por mais um ano. Numa empresa que não dá elogios de graça, para mim este é o elogio, é o acima de tudo o reconhecimento daquilo que tenho feito.
Se me sinto realizada neste trabalho? Não, não me sinto!! Seria difícil sentir depois de ter trabalhado 5 anos em Portugal como educadora de adultos, trabalho que me lavava a alma diariamente e me enchia de orgulho.
O trabalho que aqui tenho está muito bom por agora, onde tenho oportunidade de contactar com pessoas de todo o mundo, onde tenho um equipa de trabalho fantástica, onde falo diariamente três línguas e onde aprendo todos dia um pouquinho. Está muito bom.
O trabalho que aqui tenho está muito bom por agora, onde tenho oportunidade de contactar com pessoas de todo o mundo, onde tenho um equipa de trabalho fantástica, onde falo diariamente três línguas e onde aprendo todos dia um pouquinho. Está muito bom.
Aprendi cedo que independentemente de gostarmos ou não, profissionalmente teremos sempre que fazer o nosso melhor. Estamos a vender a nossa mão-de-obra e a dar a nossa cara...e isso é muito para mim!
Se não gostarmos temos bom remédio, sair (de cara lavada) com a certeza que a porta não se fecha, pois o dia de amanhã ninguém o sabe.
É assim que penso e ao longo destes 15 anos não me tenho dado mal. Cedo ou tarde o reconhecimento vêm das mais variadas formas. Obrigada.
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