quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Eles...

Têm uma relação de amor ódio.
Ele não gosta de grandes abraços (dela)...na maior parte das vezes resulta em mais uma punhada de pêlos dele.
Ela gosta de lhe dar comer à boca. Ele aceita de bom grado.
Ele não gosta que estranhos se aproximem dela e lhe toquem.
Ela gosta de correr atrás dele e atormentá-lo.
Ele corre para ela quando chegamos a casa.
Ela gosta de partilhar o queijo dela com ele e o pão que damos aos patinhos do canal.
Ele mostra-lhe os dentes de vez em quando.
Ela gosta de lhe dar um beijinho de boa noite.
Ele chama-se Yofi ela batizou-o de Yoxi.




Onde está um, está o outro.
No meu coração.
Os meus amores maiores.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Uma questão pessoal

Fiz por acordar cedo.
Ter uns minutinhos para mim.
Beber a minha chávena de café em silêncio.
Por volta das 7:30, quando saí do banho, já a pequena soava no quarto dela. Mamã.
Adeus silêncio.
Descemos, já o pai dela, estava de saída para o trabalho. Demos miminhos uns aos outros. A Lia corria atrás do Yofi, feliz.
Enquanto calçava os sapatos o pai dela diz-me: “falando olhando apenas para o meu egoísmo, agradeço-te de todo o coração tudo o que tens feio pela Lia estes dois anos. Sinto-me profundamente orgulhoso por estares com ela em casa”.
Ele sabe, que apesar de tudo, é o melhor para a menina dele. E eu sei-o também.
Nem todos os dias são fáceis. Há dias que até são bastante difíceis. Esses dias que nos fazem questionar tudo. Esses dias terríveis de batalhas interiores. A maior que tenho travado comigo própria. A certeza que estou a fazer o melhor para a minha filha e a dúvida do que é melhor para mim. E como pode uma mãe optar entre si e a sua cria!?
Desisti, por um grande amor, sem hesitação, de uma carreira profissional em Portugal que me enchia as medidas. Sinto saudades. Muitas. Mas não me arrependo, de todo. 
Hoje tenho mais. Sou mais.
Optei, pelo meu amor maior, não trabalhar o(s) primeiro(s) ano(s). Dedicar-me a ela. A nós. À nossa família. Cada um tem o seu papel.
No primeiro ano não conseguia conceber sequer a idéia de alguém “desconhecido” tocar na minha filha.   
Tem sido um privilégio vê-la crescer tão de perto. Sem pressas. 
Vê-la acordar todas as manhãs às horas que ela escolhe. 
Dormir as sestas que quiser. 
Correr atrás do Yofi no parque, deitar-se na relva e rir à gargalhada. 
Dar-lhe os beijinhos todos que me pede. Não fica sequer um por dar. 
Ver os olhinhos dela brilharem e ouvir os gritinhos de alegria de cada vez que o pai chega a casa. 
Tem sido um privilégio acompanhar tudo de tão perto.
Nem sempre tenho esta clareza e paz de espírito. Que estúpida sou. Que estúpida é esta sociedade invertida em que vivo. Que me quer fazer acreditar que bom seria eu entregar a minha (minha) filha aos 3, aos 6 ou aos 9 meses de idade a uma qualquer instituição para fazer o meu papel.
A mãe dela sou eu. O cheiro que ela quer é o meu. O abraço que ela precisa é este.
Queixo-me. Sim. Queixo-me até de mais. Está-me nos genes. Infelizmente. 
De olhos turvos vejo aquilo que não tenho.
um emprego. mais dinheiro. mais vida social. independência. tempo.
Era eu mais feliz quando tinha isso tudo? NÃO!
Queixava-me. A insatisfação está-me nos genes. Já o disse.
Não procuro verdades absolutas. Esta é a minha e apenas isso.
A minha filha esteve (está) os dois primeiros anos de vida comigo. Têm sido dois anos incríveis.
Cheio de emoções fortes. Mas o que é a maternidade se não for vivida ao rubro.Um dia ri-se à gargalhada outro dia chora-se baba e ranho.
A Lia já esteve na creche (duas manhãs por semana, durante 4 meses). A minha filha não estava feliz. Eu não estava feliz. Ou seria ao contrário. Eu não estava feliz. Sentia-me perdida. Amputada. 
De cada vez que a ia levar ela chorava e eu com ela. Andava sempre doente. Quando a ia buscar chorava de novo, muitas vezes encontrava-a sozinha a brincar.
Diziam-me que ela se habituaria. Diziam-me que era bom para ela socializar com outras crianças. Diziam-me que ficando doente ganhava mais resistência...diziam-me muita coisa para me sossegar o coração.
Mas ele não quis sossegar. Mandei à merda todas essas teorias.
Eles não socializam nada com menos de dois anos ou até com dois anos. Estão curiosos, talvez. Mas não brincam uns com os outros. 
A Lia é uma menina super alegre, curiosa e espontânea. Gosta de dizer olá a toda a gente. Não a sinto menos que os outros meninos que desde cedo andam na creche.
A Lia está bem é com esta mãe, que está bem é com ela.
Sabem-me bem, sim, os minutinhos de sossego enquanto ela dorme. Como me sabe bem saber que sou eu que a adormeço e que a vou acalmar se precisar.Que estou aqui para ela.
Quero começar a trabalhar é verdade. Quero ver gente e usar a cabecinha em outras coisas.
Mas não quero aturar 5 dias outras pessoas que não sejam a minha filha, nem 4. 
A vida muda para sempre desde o dia em que nos tornamos mães. E o estranho seria se assim não fosse. E o estúpido é acreditar que assim o não é.
Queremos igualar-nos aos homens. Competir nesta sociedade venenosa. Provar que somos as melhores. Ter mais dinheiro. Fazer mais coisas.
 E ser? 
Ser mãe? Onde fica no meio disto tudo? Não fica porque é essa a responsabilidade que entregamos e pagamos a terceiros para que o façam por nós.
Primeiro num berçário, depois numa creche, passando para a escola. São sempre os outros e nós (mães) assistimos de camarote dando uma ou outra opinião, batendo palmas ou não.
 Contraditório! Não?!

sábado, 13 de agosto de 2016

13.08

Parece que foi ontem.

Dois anos de ti. 
Dois anos de mim. 
Parabéns meu amor.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Daily

Aqueci-lhe o leitinho e tomámos o pequeno almoço.
Fiz a minha (nossa) cama e abri as janelas para deixar entrar o ar.
Esvaziei a máquina de lavar louça para dar dar espaço a nova fornada.
Não consigo pensar em nada para o jantar.
Tenho que ir às compras (não me sai da cabeça).
Pelo meio dou um jeitinho à sala que está cheia de pelos de Yofi.
Lavamos os dentes juntas.
Andamos quase uma hora a passear com o Yofi.
Dizemos bom dia aos vizinhos e brincamos com outros cães.
Escovo o yofi para que os pêlos em casa sejam menos.
Pede a pupa  e quer dormir.
Fica no quarto tranquila.
A roupa já está no estendal a secar.
Choraminga. Tem cocó.
Mudo a fralda e pede uma história.
Dobro a roupa que já estava seca e arrumo-a nas gavetas.
São 13:30 tenho que orientar o almoço.
Não me apetece pensar em comida mas tenho fome.
Venho para o computador só porque me apetece estar sentada um pouco.
Ela acorda. quer comer. quer brincar. quer atenção.
A tarde vai ser toda para ela.
Tenho que pensar no jantar e não me apetece.
Quero voltar para as férias.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A fase mais deliciosa

A nossa Lia fez hoje 23 meses. Muitas foram as vezes que nos dissemos que uma determinada idade/fase dela era a nossa preferida. Mas desta vez repetimos vezes sem conta que ela está deliciosa.
- Dá-nos beijinhos por tudo e por nada (às vezes vem uma palmada à mistura).
- Faz uma boquinha de beijinho que dá vontade de engolir.
- Dá-nos abraços com palmadinhas nas costas e encosta a cabecinha no nosso ombro.
- Sorri para toda a gente, manda beijinhos e faz adeus a quem passa. É impossível não parar e retribuir-lhe.
- Dá five e box a quem lhe pede.
- Ri-se à gargalhada quando brincamos à apanhada ou esticamos as orelhas do Yofi à chinês (não o magoamos, claro).
- É uma maluca no mar ou na piscina (joga-se literalmente de cabeça).
- Descobriu que jogar-se de costas para a relva não magoa e até é fofinho.
- Diz “ião” e aponta para o ar quando passa um avião (e às vezes também o comboio).
- Diz “miau” quando vê um gato.
- Abraço todos os cães e gatos que vê.
- Diz “dói dói” e pede kusje (beijinho) num dedo onde já se magoou há meia dúzia de meses.
- Já sabe que se chama Lia, mas só responde em holandês.
- Fica eufórica quando vê o pai chegar a casa depois do trabalho.
- Vai para a porta e diz “patos” (sapatos) quando lhe digo que vamos passear o Yofi. Tenta também colocar-lhe a trela.
- Diz “Lia slaapa” quando quer dormir ou “Lia drinka” quando quer água.
- Dança ao mínimo som de música.
- Faz olhos de marota e boquinha de espanto quando sabe que fez asneira.
- Diz “cocó” por tudo e nada (acho que é quando faz xixi também).
- Dá-me beijinhos quando me vê enervada e derrete-me o coração.
- Anda com o bebé dela para baixo e para cima, às vezes dorme com ele, dá-lhe o biberão, leva-o a passear, dança com ele, muda-lhe a fralda, despe-lhe a roupa, dá-lhe beijinhos. Às vezes chateiam-se e atira-o para o chão.
- Gosta de se sentar nas escadas e ter grandes conversas, numa língua que não entendemos mas que nos delicia.
- Adora comer sozinha, com as mãos, mas gosta que lhe dê a papa e o iogurte sentada no meu colo.
- Joga a pupa para a cama quando se levanta porque sabe que a mesma é só para dormir. Às vezes não aguenta e durante o dia pergunta-me já a choramingar por ela.
- Adora andar nos escorregas.
- Aponta para todas as barrigas descobertas e diz bebé.
- Também chama bebé a todas as crianças mais novas que ela.
...
E nós andamos assim enamorados por esta pequena criatura, que é o nosso amor em pessoa.


Sem maldade


Há uns dias atrás, numa conversa mais acesa, o meu pai disse-me: 
- Já há muito tempo que eu reparo que não vês maldade em ninguém!
A conversa continuou acesa e isto não me saiu da cabeça, fazendo-me lembrar que a minha avó paterna, há muitos anos atrás, também me dizia que para mim ninguém era mau. 
E eu sinto-me lisonjeada por duas pessoas tão importantes e próximas de mim terem essa opinião. E ainda que ambas o tenham dito em jeito de crítica eu considero isto um elogio.
Eu não sou assim tão ingênua, parva ou estúpida. Obviamente que tenho uma opinião ou, às vezes, até faça avaliações aos comportamentos dos outros para comigo. Contudo as opiniões ou atitudes de grande parte das pessoas que me rodeiam (vizinhos, colegas de trabalho, conhecidos, contactos...etc.) não me atormentam. Não me fazem perder o sono, não me fazem andar zangada com o mundo, não me impedem de ser quem sou ou de fazer aquilo que quero. Em bom português, basicamente, não me interessam (interessam-me sim as opiniões de alguns familiares, dos amigos próximos e de alguns chefes de trabalho).
Talvez seja por isso que dificilmente alguém me ouve criticar alguém ou a lamentar que alguém diz que disse de mim. Não me interessa. Isto foi talvez um mecanismo de defesa que adquiri na infância (uma vez que fui dentuça até aos 25 anos e caixinha de óculos até aos 18) e fui aperfeiçoando com os anos.
Uma das minhas melhores amigas, que veio dos tempos de escola. Antes de gostar de mim disse-me na cara que me detestava. Andávamos, talvez no oitavo ano e teríamos uns 14 anos. Quando lhe perguntei a razão disse-me que era a minha atitude extrovertida que a irritava. Ela era das que tinha medo da própria sombra. Respondi-lhe que um dia seriamos melhores amigas. Riu-se de mim. Lá para o décimo ano conquistei-lhe o coração e é uma amizade que dura até hoje e tem resistido à distância. Quando me casei foi ela que desenhou e fez os noivinhos para o bolo de casamento, que é uma réplica nossa. Quando vou a Portugal é uma visita obrigatória.
Na Universidade voltei a ter uma história parecida, alias várias histórias. Não posso dizer que dessas histórias se geraram grandes amizades mas sei que com o tempo essas pessoas foram percebendo realmente a minha essência e hoje me respeitam pelo que sou.
Sou extrovertida, faladora, entusiasta, energética, não vivo na sombra e não tenho grandes problemas de auto-estima (na maioria das vezes) e isso por vezes é mal-interpretado é confundido com arrogância ou até falta de humildade. Contudo, nada que o tempo não ajude a resolver a quem realmente quer perceber.
Muitas vezes confrontei pessoas com o que diz que disse (em meu nome) e muitas foram as vezes que não havia fundamento.
No trabalho, nunca me juntei às conversas dos fumadores e bebedores de café, até porque não fumo e só bebo café ao pequeno-almoço.
Se vejo maldade nos outros? Não, no fundo não vejo. Vejo é comportamentos ou ouço opiniões fruto de juízos de valor à minha pessoa.
Se isso me perturba? Não, não me perturba porque na maioria das vezes estou tranqüila com a minha consciência, com os meus valores e com as minhas atitudes.
E quando me perturba é tempo de perceber que errei, de voltar atrás e pedir desculpa.

sábado, 18 de junho de 2016

Há hoje uma estrela no céu que brilha mais do que todas as outras.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Tão verdade #2


A vida já me provou isto tantas (e tantas) vezes.
Antes da hora ainda não é hora!
Espera!

terça-feira, 14 de junho de 2016

Tão verdade

"Não vale a pena vivermos apressadamente. É que não vale mesmo a pena! A vida já tem pressa a correr-lhe pelas veias. A vida já corre com pressa suficiente, que tantas vezes nos deixa sem ar. Não vale a pena querermos apressar acontecimentos e puxar os amanhãs para hoje. Amanhã vai chegar tão depressa que já vem com o sabor melancólico de ontem. Não vale a pena amarmos com pressa, sermos felizes com pressa, termos pressa para chegarmos ao tempo ao qual só a vida nos pode fazer chegar. Há momentos em que temos de nos despir desta pressa apressada, anular a pressa seja lá para o que for...pressa para viver, pressa para sonhar, pressa para concretizar. Há momentos em que simplesmente temos de nos sentar, olhar o momento e esperar que a apressada da vida faça o seu trabalho."    
                                                                                        (Pais com P grande)
 
                                                     

segunda-feira, 13 de junho de 2016

O melhor de mim

Nasceu há 22 meses.

Neste abraço cabe um amor grande. o Maior. o mais Bonito.
Neste abraço cabe o sentimento mais Sincero.
Neste abraço só uma palavra faz sentido. 
AMO-TE!

domingo, 12 de junho de 2016

"As coincidências, ou pequens milagres, 
que acontecem todos os dias na nossa vida 
são avisos de que o universo tem para nós planos muito maiores 
do que alguma vez imaginámos para nós próprios.
                                                                       (Deepak Chopra)

quarta-feira, 8 de junho de 2016

os medos

Deverá haver poucas coisas pior que os medos.
Eles destroem projectos. Paralizam.
Alimentam-se de pseudo problemas e pseudo dificuldades. Minam.
Não há nada de bom neles. Nem sequer a desculpa da prudência.
Os medos são ladrões de sonhos. 

domingo, 8 de maio de 2016

Lia

Tu nasceste e uma mãe nasceu contigo. A tua. Eu.
A tua mãe que te ama, assim, perdidamente.
Esta mãe que grita, que chora de neura, que conta (muitas vezes) até 10, até 20 ou mais.
Esta mãe que nem sempre é paciente, que por ti acorda de mau humor durante a noite.
Esta mãe que te dá um safanão quando comes pela centesima vez a comida do Yofi.
A tua mãe que não é perfeita mas que te ama, assim, perdidamente.

A tua mãe que te arranca gargalhadas, que te dá beijinhos nos pés, nas mãos, nos olhos e no umbigo.
A tua mãe que dança e gatinha contigo por toda a sala.
A tua mãe que te limpa as lágrimas e embala num só abraço.
A tua mãe que te pede desculpa uma e outra vez e outra.
Não é perfeita.
E de certezas só tem uma. Que te ama, assim perdidamente.
As duas vamos crescendo juntas. eu mãe. tu filha.
Vamos aprendendo juntas. Temos tanto para nos ensinar.
Esta mãe que não é perfeita mas que te ama, assim, perdidamente. A tua.
És alma, sangue e vida em mim!


 
 
 
 
 
AMO-TE!

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O meu sogro...

...é um querido!
Homem de poucas palavras, mas de um coração grande.
Não evita as lágrimas quando algo o emociona.
Tem sempre tempo para a família (a mulher, o sogro, a filha, os filhos, as noras, o genro e uma mão e meia cheia de netos - a Lia é a mais pequenina). 
Gosta de saber se estamos bem, se precisamos de algo. Preocupa-se. Gosta de ajudar e tem quase sempre solução para tudo.
O Yofi adora-o, a Lia também. Não fossem os animais e as crianças especialistas nisto de reconhecer corações bons.
Adoro a maneira como a Lia corre para ele, se aninha no seu abraço. Sinto-a calma no seu colo.
(Também tive uma relação muito especial com o meu avô paterno).
Há uns tempos soube que iniciou um curso de português. Tocou-me.
Tem 70 anos uma vida super ocupada com esta familia grande e sempre alguém a precisar dele, faz voluntariado e ainda assim se meteu a fazer um curso para aprender a minha língua.
Sei que quer ir a Portugal e uma vez por outra falar em português, quer encontrar os meus pais e, por pouco que seja, poder comunicar com eles. Mas quer ,sobretudo, perceber a neta mais nova quando ela lhe saltar com o uma ou outra palavra em português, como já tem acontecido.
Eu reconheço-o como um pai atento, um avô dedicado e um homem muito especial.
Obrigada Ger.

sábado, 16 de abril de 2016

Gratidão

Às vezes dou por mim a pensar que se fosse alguns anos mais nova, fosse solteira (ou não), sem filhos faria ainda tanta coisa louca. Um dos sonhos que está em stand by é o de saltar de para-quedas, o Interrail também ficou lá atrás e o viajar de mochila às costas, sem grandes planos, só aconteceu uma vez (no Perú) e foi uma das grandes memórias da minha vida. Mentira, aconteceu duas vezes porque estando grávida já de 3 meses fomos para a Tailândia sem nada reservado e ao sabor do vento. E foi uma das minhas grandes viagens. Somos os dois doidos, quando um diz vamos, já o outro está  a fazer as malas. Contudo a parentalidade tráz-nos algumas reservas. Este sentimento forte de nós mantermos vivos a todo o custo para vermos as nossas crias crescer persegue-me e é mais forte do que qualquer desejo mais radical. Acredito que não seja igual para toda a gente.
Há ainda um mundo de coisas que quero fazer, viver, experimentar, sentir. Umas mais fáceis do que outras. umas que terão que esperar uns aninhos por circunstâncias várias, outras que se podem concretizar a qualquer momento.
Olho para trás e vejo já um belo passado de coisas boas. Nasci aventureira (para mal dos pecados da minha mãe). O medo a mim só me dá ainda mais vontade de prosseguir. Sempre o considerei como aliado, não como inimigo. O vir para a Holanda 'às escuras', aos 33 anos deixando para trás uma vida estável e confortável é apenas um exemplo.
Para uma menina que cresceu no interior do Algarve, ali nas fronteiras com o Alentejo não se saiu nada mal.
Uma menina que se recorda de ter luz electrica e televisão pela primeira vez aos 8 anos,
Uma menina que lavou muita roupa nos tanques comuns do lavadouro público (com água gelada no inverno, no Algarve também faz frio),
Uma menina que tomava apenas o banhito ao domingo e ao meio da semana lavava apenas o cabelo para parecer mais limpa porque a água canalizada só chegou a aldeia lá para os seus 17 anos.
Uma menina que teve que se levantar as 5h da manhã todos os dias durante três anos para poder concluir os estudos porque a escola secundária ficava  a 70 km de curvas e contra-curvas de distância.
Uma menina que cedo aprendeu que a vida é dura para quem é mole e que durante quatro anos trabalhou de noite e aos fins de semana para pagar um dos seus sonhos (um curso universitário).
....e que pelo meio foi fazendo coisas bonitas porque cedo aprendeu que há prioridades. Um jantar a menos com os colegas de faculdade, levar a marmita com o jantar para o traballho, um café a menos de quando em vez e uma sobremesa só quando o Rei faz anos...dava para juntar o dinheiro necessário para a próxima viagem (Brasil, Bélgica, Itália, Jamaica, Perú, Açores, foram alguns dos exemplos do que conseguiu com a marmita que levava para o trabalho).
Uma menina a quem os sonhos e a gratidão não cabem numa mão cheia de palavras.

Uma menina que continua a saber que há prioridades e prioridades. E que nenhuma prioridade se iguala à gargalhada da sua menina e que por ela nada mais, verdadeiramente, importa. Que felicidade são estes momentos, são estas duas pessoas e um cão que me enchem a vida e o coração.
OBRIGADA!

quarta-feira, 13 de abril de 2016

20 meses de Tudo

Há 20 meses que me tornei num ser humano mais feliz, mais decidido, mais confiante, mais seguro.
Há 20 meses que nunca sei o que esperar de cada noite.
Há 20 meses que me redescubro, me reencontro e me surpreendo.
Há 20 meses que me apaixono todos os dias (mais) pela mesma pessoa.
Há 20 meses que sofro (silenciosamente) com o medo da perda. 
Há 20 meses que quero, desesperadamente, que o mundo se torne um lugar mais justo, mais igual, melhor.
Há 20 meses que não sei o que é dormir até que o meu corpo se aborreça.
Há 20 meses passei a ser menos egoista.
Há 20 meses que amo alguém mais do que a mim própria.
Há 20 meses que me tornei numa pessoa mais sensata, mais atenta, mais sensivel.
Há 20 meses nasceu a outra metade de mim.

 Amo-te indefinidamente.

terça-feira, 1 de março de 2016

Um mergulhinho

O meu telemóvel esteve afogado pelo menos meia hora num balde com água e sobreviveu. UI!!!
Precisei dele. Procurei...não encontrei. Tinha a certeza que o tinha deixado minutos antes dentro da mala, que estava na despensa. Voltei a procurar, tirei tudo da mala. Nada.
Ok. Recurso SOS. Ligo de outro telemóvel para  o mesmo. Oiço tocar precisamente dentro da despensa. Oi??? tiro outra vez tudo da mala, procuro no chão, por entre as coisas. Nada. C'o caraças.
Ligo outra vez. Toca um nadinha e para e de repente fez-se luz nesta cabecinha. Não!!! Dentro de água, NÃO!!
Sim, sim. Tiro-o a toda a velocidade, ainda vivo. Temo o pior, mas o gajo vivinho da silva. Som ranhoso e um tanto confuso mas vivinho e operacional. Se calhar é a prova de água e eu não sei.
Pelo sim, pelo não desmonto-o e limpo tudo, praticamente sem vestigios de água. Dou-lhe um banhito de arroz e deixo-o lá sossegadinho.
Não morreu do mal quase morreu da cura.
Não é que se enviaram uns bagos de arroz no orifício dos auriculares, que activaram a função e como desativaram o som. Retirados os ditos bagos e voltou à normalidade.
Sinto-o ainda, às vezes, meio confuso mas nada que o tempo não cure.
Bem-dito sejas!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

...Ainda sobre casamentos

O Gerben está convidado para o casamento no qual falei no último post.
A Olga é uma amiga de longa data mas nunca viu o Gerben na vida. É o meu marido, pai da minha filha e isso basta-lhe para nem sequer ponderar não convidá-lo. É assim que fazemos em Portugal.
Aqui não é assim!!! Não, não!!!
O senhor meu marido recebeu há dias, de uma colega de trabalho, um lindo convite de casamento, o qual vinha apenas dirigido a ele.
Eu, menina Lia van der zwan e cão Yofi Manuel Guerreiro van der Zwan não estamos convidados.
Eu conheço a colega, inclusive ela já veio cá a casa, aliás à outra casa, aquando do nascimento da Lia...mas nem assim sou merecedora de partilhar com ela o seu dia especial.
Eu adoro casamentos. Estou sempre pronta para a ramboia. Gosto de ver a felicidade estampada no rosto dos noivos. É um dia de festa. As pessoas estão felizes. Gosto, gosto mesmo.
Infelizmente grande parte das minhas amigas não se casou ou não se vão casar. Portanto, casamentos é um evento a que vou muito raramente.
Neste caso perdi uma oportunidade de ir para a festa e sabem que mais. Não me incomoda nem um pouquinho. Se gostava de ir!? Gostava. Claro que sim!!! Gosto sempre. Mas o casamento é algo muito pessoal. Já me casei e compreendo. Não é um evento para somar pessoas, não é um evento para os outros casais. É um dia apenas de duas pessoas que têm a obrigação de escolher a dedo com quêm o querem partilhar.
Eu também fui muito seletiva nos meus convidados e acredito que algumas pessoas ficaram surpreendidas com o não convite mas é um direito meu e do meu marido.
Portanto fico feliz que ele vá e eu não!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ainda sobre os amigos

Sei que a amizade precisa de dedicação mas também precisa de espaço. Como amiga não sufoco. Aceito, por exemplo, que os meus amigos que não estão cá, não me venham ver. Sei que não é por isso que gostam menos de mim, tem outras prioridades e eu aceito. Como aceito que outros tenham faltado ao meu casamento ou nem se lembrem quando a minha filha faz anos. Não levo a mal. Eu também já me esqueci, já não estive presente, já falhei. Mas ainda assim estou lá.
Hoje, a Olga, ou a Guinha, como lhe chamo comunicou-me que vai casar, no verão, em Portugal. E eu quero muito lá estar. É o dia dela e eu quero abraçá-la.
Conhecemo-nos há uns 23 anos. Fomos as melhores amigas no secundário. Inseparáveis, manas de coração.
Hoje, eu na Holanda, ela no Reino Unido. Não nos vimos há uns 6 anos. Não nos ligamos sempre nos aniversários, Natais ou passagens de ano. Falamos quando precisamos, seja para rir ou chorar. Pode levar um mês ou um ano sem falarmos, é verdade. Mas quando isso acontece a espontaneidade é a mesma, a amizade é a de sempre.
Ela falhou o meu, eu não quero falhar o dela. Gosto dela, gosto muito dela.

Os amigos

Eu sou de afetos. De abraços apertados. De beijos.
Gosto de mimo, dar e receber.
Ao longo da minha vida fui fazendo amigos. Uns que eram vizinhos, outros colegas de escola, de trabalho de faculdade, outros amigos dos amigos.
Não sou de difícil acesso. Contudo seletiva com os valores, interesses, ideais de vida, por isso uns ficaram, outros foram.
Uns querem-se presentes. Outros ainda que ausentes sei-os lá.
A Holanda já me presenteou com pessoas muito queridas. Mas isto de ser expat é tramado.  
A minha Dora foi para Portugal. A Yoco voltou para o Japão. A Audrey foi para a Bélgica e a minha Bia voltou para o Brasil.
A amizade não acaba por isso...mas ficam fazendo falta os abraços, as parvoíces, as festas, as gargalhadas.
É disto que falo.



 
  
 
Sou uma laivosa, pronto, admito.
Sinto-vos a falta.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A nossa casa

Linda, espaçosa, ao nosso gosto, com um jardim a sul, numa área fantástica.
É mais do que sonhamos.
Sim. Estou, estamos encantados, apaixonados.
A nossa casa.
O nosso lar.
O nosso ninho.
Onde vamos ver a nossa menina crescer e escrever muitas memórias.
Gostamos de histórias bonitas, longas, apaixonantes e que encantam. A nossa história de amor é, para nós, digna de um conto de fadas e a história desta casa fica-lhe pouco atrás.
Eu resisti muito tempo em comprar uma casa na Holanda. Talvez não quisesse raízes firmes que me agarrassem a esta terra, que já vai começado a cheirar a casa.
Com a chegada da Lia percebemos que precisávamos de uma casa maior. O apartamento de 45 metros quadrados que nos acolheu durante estes 4 anos tornou-se demasiado pequeno para dois adultos, um bebe e um cão. 
Rapidamente me apercebi que, por cá, comprar é mais vantajoso que arrendar (pelo menos na nossa perspectiva). Arranjamos então uma situação provisória para permanecer na casa antiga com um bebé e alguma qualidade de vida. Demo-nos, mais ou menos um prazo de um ano para, com calma e coerência procurar a casa dos nossos sonhos...ou pelo menos tentar.
A Lia tinha pouco mais de um mês de vida quando vimos a primeira casa. Gostamos...mas, mas era a primeira e havia problemas de vizinhança. Esperamos, não tínhamos pressa. A seguir vimos outra e mais outra e ainda outra, uma dezena, quiça uma centena. Algumas que íamos gostando, muitas que não, outras que tentamos comprar. Consideramos sair de Amesterdão, procuramos num raio de 30 Km, mas Amesterdão é a nossa cidade.
Aos meses passados juntava-se a impaciência, algumas lágrimas, às vezes a esperança, outras vezes o desespero...havia sempre qualquer coisa contra. Brigamos, choramos, chegamos ao ponto de quase desistir do que realmente queríamos. E o que queríamos nós?
Casa térrea com pelo menos 115 m2, com jardim para sul ou este. Dentro de Amesterdão, numa zona calma, residencial e com muitos espaços verdes à volta.  Onde a cozinha e a sala pudessem ser integradas. Onde tivéssemos 3 quartos de dormir bonzinhos, com casa de banho espaçosa para ter banheira e duche, um sótão com espaço, de preferência sem vizinhos à frente e atrás e, cereja no topo do bolo, a um preço e em condições que pudéssemos remodelar...TUDO!
Se esta casa existia duvidamos muitas vezes, mas era-nos tão difícil abdicar de alguma destas coisas.
Um dia, bendito, a visita a uma casa levou-nos para uma área da qual não nos tínhamos lembrado. A casa que visitamos tinha uma distribuição pouco pratica e depressa desistimos, mas aproveitamos o dia soalheiro de Junho para passear o Yofi no parque que avistamos.
 O Yofi, sempre ele, este bastardinho que nos guiou um ao outro, também ele nos guiou ao nosso ninho. Perdoem-me os menos românticos, mas foi ele mesmo que escolheu o caminho.
Demos por nós a caminhar entre um canal e os jardins virados para sul de umas casas jeitosas. Demos por nós a olhar para as pessoas deitadas ao sol no jardim e a suspirar por uma daquelas casas.  O exterior já preenchia todos os requisitos. De repente deparamo-nos com um dos jardins meio abandonados e o interior da casa vazio. Borboletas na barriga.
Falamos com uma das vizinhas que nos disse a que cooperativa a casa pertencia e que supostamente a mesma ia para venda. Na semana a seguir lembra-nos de ir ver a casa, enquanto os construtores ainda a vazavam.  Tivemos sorte, fomos encontrar dois senhores muito simpáticos, que nos fizeram a visita guiada a uma casa que nos nossos corações já nos pertencia. Era mais do que queríamos. Tinha tudo o que desejávamos e alguns extras.  
Entramos imediatamente em contacto com a cooperativa de habitação, o responsável pela mesma estava de férias. Esperamos. Regressou e com ele trouxe um balde de água fria. Na altura estávamos nós também de férias em Portugal e foi na praia que recebemos a fria noticia que a casa já tinha novo contrato de arrendamento assinado. Não era para vender mas sim para arrendar.
Não sofri. Aquela era a minha casa, no mais intimo de mim sabia-o
 A Lia fez 1 aninho.
O nosso prazo (desejado) chegara ao fim. Continuávamos a ver outras casas. Mas aquela não me saia do coração.
Muitas vezes peguei no carro e ia espreitá-la. Dois meses passados e ainda desabitada.
O Gerben não queria, discutimos, pediu-me para esquecê-la e eu pedi-lhe para contatar novamente a empresa. Pedi-lhe para o fazer por mim, por nós!
Ele ouviu-me e não tardou o grande dia chegou...A casa era nossa!
A nossa casa. O nosso sonho.
Dia 12 de Outubro recebemos as chaves e fizemos a festa. Depois de dois longos meses de completa remodelação mudamo-nos a tempo do Natal. Um mês passado e esta é tão a nossa casa.
Ainda há tanto para fazer, vamos fazendo com tempo, com amor, com prazer e dedicação.
Mais uma vez a vida provou-me que a paciência é tão mais importante que a urgência.
Que não devemos desistir dos nossos sonhos, por mais impossíveis que nos pareçam. 


 O que temos à volta...

 
 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Em 2016

Desejo saúde, desejo amor, abraços apertadinhos, mais gargalhadas - daquelas que fazem doer a barriga.
Quero dançar mais ao som de uma música maluca de pijama, na minha sala, com os amores da minha vida.
Quero mais dias de sol e aprender a aproveitar e apreciar os de chuva.
Quero mais passeios de bicicleta em familia. 
Quero reaprender a ver o copo meio cheio.
Quero estar mais com quem me faz bem. 
Quero encontrar nos problemas as soluções e nas dificuldades as oportunidades. 
Quero dar mais tempo as pessoas que as coisas.
Quero ouvir mais música e ler mais.
Quero usar menos o telemóvel e deixar de seguir vidas, que não me dizem respeito.
Quero ser mais activa. Mais participativa. 
Quero ser mais optimista. Voltar a ser espontânea. Não deixar que o medo, os receios me congelem.

Quero concentrar-me no que me faz bem, o que deixa em paz e me leva às gargalhadas.
No que realmente importa.

Bem-vindo 2016!