quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A história de um nome

Porquê Lia???
Muita gente me pergunta. A alguns digo porque sim e a outros explico mais ou menos como escolhemos o nome. Cá vai.
O nome deles foi escolhido muito antes de "ter a certeza" de querer ter filhos. Poucos meses de namoro e quase na brincadeira surgiram os nomes. Foi fácil e consensual. Digo os nomes deles, porque também já temos o nome para rapaz. E esse faz todo o sentido porque é parte da nossa história e é um nome que ambos gostamos. Se formos para um segundo filho e for menino já está e se for uma menina (e eu acho que será) temos que reinventar um nome.
Podem não acreditar mas foi assim que surgiu o nome dela. Coincidência ou não como toda a nossa história. Eu ainda morava em Portugal e o Gerben estava por lá. No trabalho uma das minhas formandas falava-me da neta que tinha nascido havia pouco tempo e como avó babada explicou-me que haviam posto o nome de Lia à menina como homenagem a ela, por se chamar Lina.
Nunca tinha ouvido o nome Lia, mas sou-me tão bem, tão limpo, tão puro, tão doce, é isso doce...um nome pequenino e doce. Amei!
Cheguei a casa e surgiu o assunto. Eu disse-lhe que tinha decidido o nome para a nossa filha (na brincadeira) e ele disse-me que também já tinha um nome ou que gostava em particular de um. Eu pedi-lhe para me dizer primeiro e acreditem ou não ele disse: Lia. Eu fiquei incrédula! Sem discussões, sem incertezas e com muito amor surgiu o nome da nossa princesinha.
--------------
Desde sempre decidimos, também os dois, que ela iria ter o meu nome de família, Guerreiro. Aqui na Holanda só se coloca um nome de família e normalmente é o do pai. Venho de uma cultura diferente por isso a mim não me fazia sentido que a minha filha não tivesse o meu nome, ainda mais por ser um nome português. Sabíamos que iria ser uma luta para que o registo aqui o aceitasse. Sabendo que quando a registasse no Consulado português poderia dar-lhe o nome que quisesse, ou seja o meu nome. Ficando assim com um nome na Holanda e outro em Portugal, mais uma vez não me fazia sentido. A solução passaria por colocar o Guerreiro como segundo nome próprio, por mim era-me indiferente. O importante era ter o meu nome fosse como fosse. Outra solução seria registá-la com o nome do pai e depois pagar cerca de 800€ para mudar o nome. Não sei bem como isto funciona, mas sei que mesmo pagando não há certezas que aceitem o nome. Então arriscamos a primeira.
Dois dias depois de ela nascer, o pai Gerben munido de todos os documentos necessários foi registá-la e claro foi um filme. Segundo o que ele me contou não aceitavam mesmo como segundo nome porque se tratava do meu nome de família (viram no meu passaporte, claro)  e segundo uma lista que eles têm, esse nome não consta como nomes próprios em Portugal.
Ora o Gerben é uma pessoa super tranquila mas teve que enervar-se. Não saia dali enquanto não obtivesse o que queria (disse-me ele quando saiu de casa e chegou-me a casa com a promessa cumprida).
Depois de muita discussão e vaivém de pessoas e chefias aceitaram o nome.
O Gerben diz que no fim apeloju ao sentimento e disse-lhes qualquer coisa como isto: A minha mulher deixou tudo em Portugal, desistiu da sua carreira profissional, veio para aqui, aprendeu esta língua, teve que adaptar-se a este país, ao mau tempo, a um trabalho que não é a sua área profissional, nem o que gosta de fazer por amor a mim. Teve uma filha longe da sua família e da sua zona de conforto por amor e a única coisa que nós queremos é que no nome da nossa filha haja um pouco de Portugal, e até isso nos recusam. Não, não saio daqui enquanto a nossa filha não tiver o nome Guerreiro. E o Guerreiro venceu!!!

2 comentários:

  1. Muito bem falado! Que bom que a Lia ficou com o Guerreiro :D
    (Estou a gostar muito de ler o teu blog)

    ResponderEliminar