No domingo passado fomos passar o
dia à casa dos meus sogros com a família holandesa toda presente: oito adultos
e sete crianças, uma animação. Tinhamos imenso para comemorar: O Sinterklaas,
que já la vai mas ainda não tinhamos trocado as prendas. Cumpriu-se a tradição
e junto à prendinha vinha o tal poema, o primeiro da Lia. O aniversário da
minha sogra, os 4 meses da Lia (que teve direiro aos parabéns com um delicioso
bolo de chocolate e mousse...delicioso, de chorar por mais) e o novo trabalho
do meu cunhado (irmão do Gerben). Aqui abro um parentesis à coragem dele, pai
de família com dois filhos, fisioterapeuta de formação e que o último trabalho
que teve era na área comercial. Ele é todo dado ao ambiente, natureza, energias
renováveis, vida saudável e afins. Tem uma horta, onde planta as suas
coisinhas. O que é certo é que já há algum tempo que andava
insatisfeito/frustrado com o seu trabalho....e vai daí (sem mais nem menos)
despede-se sem ter nada. Com certeza que não foi de ânimo leve porque a vida custa
a todos, com ceretza que foi uma decisão ponderada com a mulher, que
ficou a "sustentar" a casa e ele a desempenhar o papel de pai a tempo
inteiro. Não sei quantos homens que eu conheço fariam isso? E também não sei se
eu o faria? O que é certo é que ainda esteve alguns meses sem trabalho (e
"temeu-se o pior") mas eis que finalmente arranjou um trabalho que
lhe serve que nem uma luva. Basicamente vai ser conselheiro de educação. Pelo
que percebi vai orientar os miúdos que tem que escolher uma área de estudo.
Escusado será dizer que está feliz da vida e nós todos também...muito
orgulhosos. Gosto mesmo do meu cunhado, Aliás gosto daquela família toda.
E aqui parece-me que se aplica o
ditado, a sorte protege os audazes.
Posto isto, a razão deste post é
outra. Quando lá cheguei e vi aquela familia toda junta (que também é a minha e
tão bem que o demonstram), os miúdos aos gritos, os sorrisos, a alegria, a
partilha...deu-me assim uma pontinha de nostalgia e vai daí começo aos prantos.
Não foi bem assim, porque quando vi que não conseguia segurar as lagrimas fui
para um cantinho discreto (com o meu homem atrás). Porque chorei? Por tudo e
nada. As saudades da família, mais um Natal que passo sem a minha mãe, um natal
que a minha mãe passa sem a Lia, o primeiro dela. A minha família é pequenina,
os natais nunca foram assim nada de grandioso dado a dimensão da mesma e eu
sempre senti falta de ter uma mesa cheia e muita confusão. Deus fez-me a
vontade e deu-me esta família emprestada que é tão grande, unida e entusiasta.
Obrigada.
O que é certo é que as minha
lágrimas também revelaram o meu cansaço emocional. A super mulher que sempre
quero ser foi-se abaixo. Cuidar da minha bebé é maravilhoso mas o que é certo é
que me esgota física e emocionalmente e não ter ninguém assim por perto que me
socorra quase me sufoca.
Eu chorei sozinha, não falamos no
assunto, eles respeitaram...mas vai daí ao final do dia tinha a família toda a
oferecer-se para cuidar da Lia.
E assim foi, com alguma
resistência da minha parte (porque acho que a responsabilidade de cuidar da
minha filha é exclusivamente minha e do meu marido-parvoice da grossa), os meus
sogros vieram ontem cuidar da Lia e eu fui direitinha às compras...ou pelo
menos ver as montras.
Estive cerca de 6h ausente de
casa só comigo mesma, fui tranquilamente às lojas que queria (aproveitei os
saldos e comprei uns trapinhos para a Lia, que precisa mais do que eu) bebi um
café ao mesmo tempo que lia um livro, em paz, embebida nos meus pensamentos.....numa
palavra: rejuvenescimento.
Fez-me tão bem a mim e a ela (à
Lia). Quando cheguei a casa, já os meus sogros se tinham ido embora, a pequena
ao colo do pai, assim que me viu…nada (tinha acabado de acordar). Mas quando
abriu verdadeiramente a pestana deu-me um daqueles sorrisos que nos leva ao paraíso
e mais…desatou às gargalhadas....as primeiras. Eu e o Gerben, incrédulos e
deliciados com esta prenda de Natal antecipada. São estes momentos que nos
fazem esquecer os maus dias e ter a certeza que tudo vale a pena...nosso amor
maior.
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