Um filho é o pior (e o melhor) do
mundo!
São 23h, há praticamente 3 horas
que travamos uma batalha para a pôr a dormir. Faço o meu turno, canso-me,
esgoto-me, atinjo o meu limite. Vai o pai, cansa-se, esgota-se, atinge o
limite. Vou eu... e andamos neste ciclo há já várias noites. É uma fase, dizem!
Mas quando é que acabam as fases!? Quando eles tiverem 20 anos ou mais (nalguns
casos)?
É porque são tudo fases e todas
elas passam, mas depois de uma vem a outra...e eu só quero que elas acabem, ainda agora vou com quatro meses de maternidade.
Abdicamos de (quase) tudo pelos
filhos, pelo menos por um tempo. Do trabalho, das viagens, da vida social, da
liberdade, dos amigos, da disponibilidade….
No início…
São os enjoos,
O mal estar,
As noites mal dormidas,
As idas à casa de banho 100 vezes
ao dia e à noite,
O desconforto,
O cansaço,
As dores, senhores, as dores de
parto.
Depois....
As noites mal dormidas,
Os dias que passam entre mamadas
e mudas de fralda,
As cólicas, as birras...e depois
devem ser os dentes, o começar a andar...e blá, blá, blá....
O cansaço é mais que muito, a
paciência esgota-se, às vezes apetece chorar.
Os nervos andam à flor da pele,
às vezes (muitas) temos que fazer um do outro (mais eu) o saco de boxe.
Já não me lembro como é tomar um
longo e relaxante banho, o que é jantar a dois sentados calmamente à mesa a
saborear um vinho.
Namorar, ver um fime, dar
miminhos, ter qualidade de tempo um para o outro, isso pertence ao
passado.
O meu Yofi, o meu menino, o meu
doce Yofi...esse não se queixa, mas parte-me o coração ver olhar triste e
distante. Antes era tudo para ele, agora, enfim.
E no mais alto do desespero
pergunto-me porque continuamos a querer ter filhos!? E como é que há pessoas
(quase todas) se metem no segundo e até no terceiro e até no quarto...?
Será que só tiveram
filhos"bons", calminhos??? Não acredito, mas se sim, sorte a delas.
Ou será que a mesma hormona que nos faz esquecer as dores do parto também nos
faz esquecer todas estas fases!?
E, muitas vezes, também me
pergunto que tipo de ser humano é que eu estarei a criar. Vou dar tudo por tudo
para fazer o melhor, mas as escolhas serão sempre dela.
Uma vez (há já uns bons anos) a
minha irmã disse-me "os filhos são do mais egoísta que pode existir".
Na altura, e apenas olhando na perspectiva de filha, não compreendi, nem
liguei. Mas aquilo ficou-me martelando na cabeça. Hoje, mãe recente que sou, já
começo a perceber e a sentir isso. Até mesmo como filha já sinto que sou egoísta...e
olhando numa perspectiva mais global somos todos (uns mais que outros) um
pouquinho.
Somos todos filhos de alguém,
alguém esse que passou connosco mais ou menos o que nós passamos com os nossos
filhos.
Acredito que os nossos pais (uns
mais que outros) fizeram tudo para nos dar o melhor, às vezes até com sacrifícios...e
no que nos toca a nós, que sacrifícios estamos dispostos a fazer pelos nossos
pais?
Parece-me que a quantidade de
pessoas que entopem os lares, e os idosos que são esquecidos/ignorados nos
hospitais respondem friamente a esta questão.
E, claro, podemos arranjar mil e
uma desculpas para o fazermos... a vida, a sociedade, o trabalho, a família....mas
no fim de contas é apenas o tremendo do egoísmo para com quem nos deu a
vida.
Um filho é o melhor (e o pior) do
mundo!
Um sorriso deles basta-nos para
esquecer todas as más fases, derreter-nos o coração e acreditar que tudo vale a
pena!
Sem comentários:
Enviar um comentário