sábado, 13 de dezembro de 2014

O pior e o melhor do mundo

Um filho é o pior (e o melhor) do mundo!
São 23h, há praticamente 3 horas que travamos uma batalha para a pôr a dormir.  Faço o meu turno, canso-me, esgoto-me, atinjo o meu limite. Vai o pai, cansa-se, esgota-se, atinge o  limite. Vou eu... e andamos neste ciclo há já várias noites. É uma fase, dizem! Mas quando é que acabam as fases!? Quando eles tiverem 20 anos ou mais (nalguns casos)? 
É porque são tudo fases e todas elas passam, mas depois de uma vem a outra...e eu só quero que elas acabem, ainda agora vou com quatro meses de maternidade. 
Abdicamos de (quase) tudo pelos filhos, pelo menos por um tempo. Do trabalho, das viagens, da vida social, da liberdade, dos amigos, da disponibilidade….
No início…
São os enjoos,
O mal estar,
As noites mal dormidas,
As idas à casa de banho 100 vezes ao dia e à noite, 
O desconforto, 
O cansaço, 
As dores, senhores, as dores de parto.
Depois....
As noites mal dormidas, 
Os dias que passam entre mamadas e mudas de fralda,
As cólicas, as birras...e depois devem ser os dentes, o começar a andar...e blá, blá, blá....
O cansaço é mais que muito, a paciência esgota-se, às vezes apetece chorar. 
Os nervos andam à flor da pele, às vezes (muitas) temos que fazer um do outro (mais eu) o saco de boxe. 
Já não me lembro como é tomar um longo e relaxante banho, o que é jantar a dois sentados calmamente à mesa a saborear um vinho.
Namorar, ver um fime, dar miminhos, ter qualidade de tempo um para o outro, isso pertence ao passado. 
O meu Yofi, o meu menino, o meu doce Yofi...esse não se queixa, mas parte-me o coração ver olhar triste e distante. Antes era tudo para ele, agora, enfim.
E no mais alto do desespero pergunto-me porque continuamos a querer ter filhos!? E como é que há pessoas (quase todas) se metem no segundo e até no terceiro e até no quarto...?
Será que só tiveram filhos"bons", calminhos??? Não acredito, mas se sim, sorte a delas. Ou será que a mesma hormona que nos faz esquecer as dores do parto também nos faz esquecer todas estas fases!?
E, muitas vezes, também me pergunto que tipo de ser humano é que eu estarei a criar. Vou dar tudo por tudo para fazer o melhor, mas as escolhas serão sempre dela. 
Uma vez (há já uns bons anos) a minha irmã disse-me "os filhos são do mais egoísta que pode existir". Na altura, e apenas olhando na perspectiva de filha, não compreendi, nem liguei. Mas aquilo ficou-me martelando na cabeça. Hoje, mãe recente que sou, já começo a perceber e a sentir isso. Até mesmo como filha já sinto que sou egoísta...e olhando numa perspectiva mais global somos todos (uns mais que outros) um pouquinho. 
Somos todos filhos de alguém, alguém esse que passou connosco mais ou menos o que nós passamos com os nossos filhos. 
Acredito que os nossos pais (uns mais que outros) fizeram tudo para nos dar o melhor, às vezes até com sacrifícios...e no que nos toca a nós, que sacrifícios estamos dispostos a fazer pelos nossos pais?
Parece-me que a quantidade de pessoas que entopem os lares, e os idosos que são esquecidos/ignorados nos hospitais respondem friamente a esta questão. 
E, claro, podemos arranjar mil e uma desculpas para o fazermos... a vida, a sociedade, o trabalho, a família....mas no fim de contas é apenas o tremendo do egoísmo para com quem nos deu a vida. 
Um filho é o melhor (e o pior) do mundo!
Um sorriso deles basta-nos para esquecer todas as más fases, derreter-nos o coração e acreditar que tudo vale a pena!

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