Primeiro chegou às três pancadas e subiu logo o passeio. Acho
que ela acredita que subindo o passeio fica o carro logo bem estacionado à
primeira. Contudo não ficou e depois de três ou quatro tentativas para a frente
e para trás. Parou. Assim, sem mais nem
menos, exatamente no meio de dois lugares de estacionamento. O que importa é
que já tem o carro estacionando. Menos um problema. O que venha a seguir que se
desenrasque, ou que se lixe. E nesta rua, se durante o dia há lugares para dar
e vender, depois das 19h é um aí Jesus. E muitas vezes por estas situações. Por
pessoas que não têm o mínimo respeito pelo próximo. Civismo, é a palavra.
O meu pai, hoje reformado, foi praticamente a vida toda
motorista de pesado de passageiros. Lá em casa, ao jantar, todos os dias haviam
histórias deste tipo. Devo ter crescido com este “trauma”.
Gosto muito de
conduzir e acho que até me desenrasco bastante bem. Tirei a carta com 20 anos
e comecei logo a conduzir. O meu pai, de
vez em quando, dava-me aulas privadas, e eu gostava tanto. Mas paciência não
era com ele, não se podiam cometer erros e eu era só uma menina.
No dia do meu exame de condução tremia que nem varas verdes.
Acreditem tremia mesmo. Lembro-me de quase não controlar as minhas pernas.
Tinha tanto medo de chumbar e “desiludir” o meu pai. Mas passei, aliás passei à
primeira em ambos os exames. Para surpresa do meu pai, que me achava um zero à
esquerda a conduzir, digo eu.
Pouco depois de tirar a carta, ele comprou um carro, um
Renaul5. Não era para mim, disse ele. Mas ele já tinha carro, a minha mãe não
tem carta de condução e a minha irmã já não morava connosco. Então o Renault5
foi o ‘”meu” primeiro carro. Foi nele que aprendi a conduzir, convínhamos. Lembro-me
de duas coisas que não conseguia fazer muito bem, ponto de marcha e marcha
atrás. Então quase todos os dias ia, sozinha, para uma estrada pouco
movimentada e não descansei enquanto não aprendi a fazer isto como devia. Estacionar
entre dois carros também não era o meu forte, até que um dia observei uma
pessoa a fazê-lo e desde aí sou quase uma profissional. É raro falhar.
Isto tudo para dizer que graças ao meu paizinho (e não sendo
da maneira mais simpática) tirei grandes ensinamentos e civismo ao volante foi um
deles.
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