quinta-feira, 26 de março de 2015

Uma questão de civismo

Acabei de ver algo que me faz passar da marmita. Da janela da minha casa, uma senhora (e o facto de ser mulher é pura coincidência) a estacionar o carro num espaço que dá para dois.
Primeiro chegou  às três pancadas e subiu logo o passeio. Acho que ela acredita que subindo o passeio fica o carro logo bem estacionado à primeira. Contudo não ficou e depois de três ou quatro tentativas para a frente e para trás. Parou.  Assim, sem mais nem menos, exatamente no meio de dois lugares de estacionamento. O que importa é que já tem o carro estacionando. Menos um problema. O que venha a seguir que se desenrasque, ou que se lixe. E nesta rua, se durante o dia há lugares para dar e vender, depois das 19h é um aí Jesus. E muitas vezes por estas situações. Por pessoas que não têm o mínimo respeito pelo próximo. Civismo, é a palavra.
O meu pai, hoje reformado, foi praticamente a vida toda motorista de pesado de passageiros. Lá em casa, ao jantar, todos os dias haviam histórias deste tipo. Devo ter crescido com este “trauma”. 
Gosto muito de conduzir e acho que até me desenrasco bastante bem. Tirei a carta com 20 anos e comecei logo a conduzir.  O meu pai, de vez em quando, dava-me aulas privadas, e eu gostava tanto. Mas paciência não era com ele, não se podiam cometer erros e eu era só uma menina.
No dia do meu exame de condução tremia que nem varas verdes. Acreditem tremia mesmo. Lembro-me de quase não controlar as minhas pernas. Tinha tanto medo de chumbar e “desiludir” o meu pai. Mas passei, aliás passei à primeira em ambos os exames. Para surpresa do meu pai, que me achava um zero à esquerda a conduzir, digo eu.
Pouco depois de tirar a carta, ele comprou um carro, um Renaul5. Não era para mim, disse ele. Mas ele já tinha carro, a minha mãe não tem carta de condução e a minha irmã já não morava connosco. Então o Renault5 foi o ‘”meu” primeiro carro. Foi nele que aprendi a conduzir, convínhamos. Lembro-me de duas coisas que não conseguia fazer muito bem, ponto de marcha e marcha atrás. Então quase todos os dias ia, sozinha, para uma estrada pouco movimentada e não descansei enquanto não aprendi a fazer isto como devia. Estacionar entre dois carros também não era o meu forte, até que um dia observei uma pessoa a fazê-lo e desde aí sou quase uma profissional.  É raro falhar.
Isto tudo para dizer que graças ao meu paizinho (e não sendo da maneira mais simpática) tirei grandes ensinamentos e civismo ao volante foi um deles.

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