Lembram-se onde ficamos????? Então, depois
de um NÃO dito nas entrelinhas, surge o caminho de volta para casa. Três passos
à frente ou talvez cinco….surge o arrependimento, os porquês, a frustração. Sem saber
o porquê de tamanha revolta, só me perguntava qual era o problema de ir jantar
com um desconhecido que conhecia meio mundo e ainda por cima gostava de andar
de bicicleta. Assunto não iria faltar e praticava o meu inglês mais que enferrujado…
Nisto
dou por mim a voltar para trás…mas…eis que surge o orgulho feminino, que iria eu
dizer: “Ah, afinal, pensei melhor e aceito o teu convite”. Não podia fazer isso
e arriscar-me a uma forte gargalhada ou olhar de indiferença. Nunca o
faria e muito menos naquele dia e perante aquelas circunstâncias. Toca de volta
para casa e o Yofi tontinho, às voltas comigo. Dois passos depois volto para
trás com uma convicção, difícil de explicar, não quis saber. Recusava-me a ir
para casa a chorar e a lamentar-me da vida, quando estava a um passo de ir
jantar com um interessante desconhecido e poder partilhar experiências.
Nos poucos metros que me separavam dele, só
tive tempo de pensar, tenho que superar o convite dele. Assim que chego, o
rapazinho ainda estava à porta da Pousada, com a recepcionista (pior a
humilhação). Nem pensei, da minha só boca saiu: “I have a better
idea, I invite you to dinner
at my house and I cook some Portuguese food”.
Ah, pois é!!! Foi
mesmo isto, sem tirar nem pôr. Ele (e a recepcionista) de olhos esbugalhados
para mim e eu sem saber o buraquinho onde me enfiar….até que ele disse “Yes, I
would very much”.
Ahhhhhhhhhhhh, que alívio, mas ainda tinha que me
safar do embaraço da recepcionista que assistia indignada àquela cena e nada
melhor que lhe pedir um conselho culinário para o dito jantar. Não é que ela me
foi útil (ainda não o fizemos, mas tanto eu como o Gerben queremos lá voltar
para lhe contar o desfecho daquele jantar).
Bem, fui para casa, preparei um belo dum
bacalhau com natas, arranjei tudo e à hora combinada lá estava eu na Pousada
para o levar para a minha casa.
Jantamos, bebemos um vinhozinho, ele
ofereceu-me uma caixinha de Guylian (tão fofinho), conversamos imenso…aliás ele
conversou imenso com ele mesmo, pois eu pouco percebi o que ele dizia, mas
nada como um acenozinho de cabeça de quando em vez para me fazer entender
(confesso que o meu inglês àquela altura estava muito enferrujado e o dele é
praticamente perfeito). No meio de tudo percebi que ele tinha andado a viajar um
ano inteiro pela Ásia, desde Nepal, Tailândia, Indonésia…. Enfim, nada de relevante.
A conversa arrastou-se e perto das 3h da
matina, lá fui levar o holandês de volta à Pousada, não sem antes no caminho, o
menino (atrevido) me propor uma voltinha de bicicleta no dia a seguir.
Hummm, bem, como já
tinha um compromisso canino na manhã seguinte, combinamos para a tarde. O mais
interessante é que ele não fazia intenções de permanecer em Faro e não se importou
nada quando percebeu que teria de ficar pelo menos mais um dia….enfim….pormenores
à parte.
Este foi então o primeiro dia, amanhã haverá
mais….talvez!
Continua…..
Imagino o ar de felicidade com que escreve isto :) recordar é viver...já dizia o outro :) Continue...
ResponderEliminarÉ fantástico Filipa. Eu sou suspeita mas acredito que haverá poucas histórias como a minha, tão bonita, tão pura, tão verdadeira. É a prova como o amor existe e como às vezes temos que ser pacientes, mas ele chega. Eu esperei 32 anos de vida e ele apareceu muito inesperadamente ;)
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