Felizmente
fui encontrado tempo depois por um casal alemão, que me levou para casa e me
tratou muito bem. Deram-me comidinha, água, uma mantinha e muitos miminhos. Mas
eu estava assustado, maltratado, muito magro, cheio de pulgas e com ferimentos
no pescoço (suspeita-se que me tentaram enforcar porque não tinha pêlo e tinha uma
corda ao pescoço quando me encontraram, o que me provocou várias escoriações).
No dia seguinte fui levado ao veterinário que me tratou muito
bem, mas não foi muito optimista no diagnóstico, pelo meu estado poderia não
sobreviver. Era muito pequenino e com poucas defesas.
Os dias passavam, eu ia lutando pela minha vida, queria
muito sobreviver e aos poucos fui recuperando e me habituando aos meus novos
donos, já me apetecia brincar (gosto muito de brincadeira). Mal, sabia eu que
mais uma prova de fogo estava para chegar à minha curta vida. Os meus donos, tendo
os seus motivos fizeram circular um e-mail, dando-me para adopção.
No dia 21 de Dezembro de 2009, cerca das 18h, com pouco mais
de dois meses de vida, conhecia àquela que é a minha dona actual. E sabem que
mais, naquele dia não o sabia, mas hoje reconheço que foi o melhor que me podia
ter acontecido, não que os meus donos não fossem bons, eram e muito. Mas o que
me esperava era o paraíso.
Então, nesse mesmo dia, lá fui eu para outra casa estranha
(levei os meus brinquedos e a caixinha a que já estava habituado a dormir).
Nesse dia ela brincou comigo e tratou-me muito bem, no dia a seguir,
também, e no outro, e no outro….até hoje!
Adoro a minha dona, dou-lhe tantos beijinhos e ela a mim,
acho que sou o cão mais beijado no mundo. Confesso que ela, às vezes, é chata com
tanto mimo, pois estou a dormir e ela acorda-me só para me dar mimos.
Mas com ela sinto-me seguro, bem tratado e amado. Ela faz
tudo para me ver feliz, brinca comigo, tenta educar-me dá-me guloseimas, deixa-me dormir com
ela na cama, leva-me a dar grandes passeios pelo parque várias vezes ao dia.
Que mais posso eu querer.
Tento retribuir-lhe da mesma maneira, dando-lhe muitos
miminhos, já lhe preguei sustos, alguns valentes. Como um, neste verão, em que
comecei a tossir cada vez pior, ela aflita pegou em mim e foi para as urgências
do Hospital Veterinário. Tiveram que me tirar radiografias ao estômago, mas a
minha dona não pode entrar nessa sala e como demorou mais do que o previsto,
ela quase entrou em pânico. Ela, às vezes exagera, eu sei, mas é porque gosta
muito de mim.
No final, levei não sei quantas picas, tomei medicamentos e
a tosse acabou por passar ao fim duns dias. Mas ela não ganhou para o susto.
Ah, agora tenho também um dono novo porque a minha dona apaixonou-se
por um holandês, até viemos morar para a Holanda. Mas eu não sinto ciúmes porque
ela dá-me a mesma atenção e tenho mimos e brincadeira redobrados.
No inicio foi tudo muito estranho meteram-me num carro
durante três dias (o bom foi que a minha dona fez questão de parar em Paris para
tirar fotos comigo na Torre Eiffel e eu pude marcar território lá) depois paramos aqui nesta terra gelada, o
que vale em que em casa estou muito quentinho.
Apesar do frio também gosto muito do parque que há aqui
perto de casa, é grande e delicio-me a correr atrás dos pássaros. Todos os dias
faço amigos novos, parece-me que as pessoas aqui gostam muito de cães. Ainda não
vi nenhum amiguinho meu abandonado e pelo que dizem é coisa que por aqui não se
vê, ainda bem!
Bem, eu também tive culpa por a minha dona ter conhecido o
meu dono. Ela foi passear-me e eu decidi fazer xixi junto ao banco onde o
holandês estava sentado. Ela não sabe, mas eu fiz de propósito, pois estava
muito tristinha nesse dia. Foi muito giro….mas como ela já vos começou a contar
tem que ser ela a terminar.
A minha vida não começou bem e estive mesmo quase a morrer,
mas hoje sou o cão mais feliz do mundo. Adoro a minha dona, adoro o meu dono, adoro
a minha nova casa….ahhh e adoro andar de bicicleta.
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